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A função essencialmente decorativa das monarquias de hoje (mais constituição, menos constituição), não se compadece com a vulgaridade dos traços nem com a singeleza infantil dos raciocínios. Ouço a Senhora Dona Isabel (que assim exige ser tratada pelos media) e o real marido, ambos no habitual débito de banalidades, e dou graças pelo regime parlamentar: antes trezentos sabujos venais numa assembleia, eleitos por mim e pelos meus (e deles) pares, do que aquelas duas retardadas manifestações do direito divino. Além disso, é impressão minha, ou aquele tom forçado que exibem perante a plebe, de severa ponderação, como quem tem o peso do mundo sobre os ombros, faz ou não parecer que locomovem a herança monárquica a valiums? Tão suporiferamente desinteressantes, que dá vontade de ir a correr abraçar autarcas corruptos e deputados das berças, incluindo os das comissões.