estendais
Gosto de estendais, sempre gostei. São um dos meus motivos favoritos para fotografar. Sou uma amadora rasteira que nem sabe as características técnicas da máquina que está a usar, ficando-se pelo ISO, a abertura, o zoom, a cor ou o branco e preto, rodar o botãozinho para paisagem ou retrato e pouco mais. Depois, o www.picnik.com faz o resto. A versão grátis, muito limitada (claro que digo isto para me valorizar, é demasiado óbvio?). Já a paisagem não me diz muito e não tenho jeito para captar expressões, rostos, nunca transmitem o que eu via na altura, não sei porquê. ou melhor, sei: não tenho o dom nem a técnica. Mas tenho jeito para uma coisa: enquadramentos, quanto mais não seja porque passo horas a pensar neles. O que fica de fora, o que deve entrar, o alinhamento. Gosto de nuvens. E de pormenores de edifícios, especialmente os degradados, o azulejo partido, o lancil meio desfeito. E do mar - o mar é sempre diferente e nunca lhe consigo captar a essência, o que é um desafio. Na minha habilidade precária, prefiro infinitamente mais fotografias a cor do que a preto e branco. E não há nada tão colorido como um estendal, em especial num bairro social, pobre, onde cuecas gigantescas de misturam com soutiens para os quais nem deve ainda ter sido inventada uma copa, t shirts do benfica com meias desemparelhadas, toalhas de praia com golfinhos gigantes, panos de cozinha, camisas de noite de flanela florida a roçar o chão ou o andar de baixo, molas de plástico de todas as cores e as sombras das roupas a esvoaçarem pela caliça das paredes , numa exibição despudorada de intimidade.