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- Mãe, este ano nas férias quero fazer trabalho assim tipo de caridade, sabes? Quero ajudar os velhinhos e os doentes, ou então tomar conta de crianças e ganhar dinheiro para comprar as minhas coisas. O que é que achas?
- Acho óptimo, Beatriz, há imensa gente sozinha que ficaria contente com um bocadinho de companhia, é uma excelente lembrança da tua parte. Agora, não me parece que seja o tipo de trabalho que se pague, é mais uma coisa que se faz de graça, para ajudar quem precisa, entendes?
- Sim, mas não faz mal, porque o importante é ajudar as pessoas...
(e, nesse momento, anjinhos de asa branca e pombinhas sorridentes carregando liras e raminhos de oliveira, inundaram o céu com os seus voos diáfanos de bondade e eu juraria até que ouvi as trombetas da paz ao longe...)
Uma semana depois, e aqueles jeans da bershka a chamarem-na, a mini-saia da roxy a berrar por ela e os Piratas das Caraíbas, parte II, a estrear.
- Olha, mãe, lembras-te daquela história do trabalho comunitário? Afinal mudei de ideias. Vou mas é dar massagens à família e aos amigos, que ganho mais.
E é este o cartaz que espetou à porta do quarto, sendo que, em vez das trombetas angelicais, ouve-se Shakira (consta que faz bem às cervicais, embora me custe a entender o enquadramento na categoria música relaxante):
Olhem, de boas intenções.