a melhor amiga
por Vieira do Mar, em 25.09.05
A minha filha anda triste - de uma tristeza miudinha, inconfessada: zangou-se com a melhor amiga. E eu lembro-me bem - foi há tão poucos anos atrás! - do drama que era, uma briga com a minha melhor amiga, razão de tanta fungadela nocturna abafada na almofada e de tanta angústia matinal no caminho da escola.
Nestas idades pré-adolescentes, uma melhor amiga é muito mais do que um namorado ou uma irmã: é a alma gémea, é aquela presença constante, é tudo. Vivemos em estado de paixão pela melhor amiga, o que nos leva a ter ciúmes das atenções que dispensa a terceiros, principalmente às outras amigas - que não são as melhores, mas também são boas amigas.
A melhor amiga, não a queremos partilhar com ninguém e estamos atentas à menor manifestação de desatenção e descuido por parte dela, que não toleramos. É a nossa primeira manifestação de vontade de posse absoluta (fora do seio familiar), este desejo de guardarmos a melhor amiga no bolso.
Quando eu era miúda (e a minha melhor amiga, também), a gestão das confidências e dos desentendimentos era feita através de cartas, bilhetes e , às vezes, de telefonemas curtos; hoje, elas trocam-se acusações por email e pedidos de perdão no MSN; de resto, os afectos são os mesmos.
Podemos ter muitas outras amigas ao longo da vida - e mais do que uma melhor amiga-, mas, seja no singular ou no plural, anos depois, ainda sorrimos com carinho, à lembrança daquelas intimidades e risinhos partilhados numa cama para um, e das conversas sussurradas sobre o sabor e a forma dos primeiros beijos. E temos músicas, que associamos para sempre às cumplicidades vividas meio em segredo.
Às vezes, as melhores amigas são-no pela vida fora; outras, deixam de o ser num segundo, naquele segundo em que o nosso universo se desfaz numa espécie de poeira atómica e nós temos a certeza de que não mais conseguiremos ser felizes. Zangarmo-nos com a melhor amiga é a primeira verdadeira sensação de perda, a primeira cicatriz.
Na maior parte dos casos, afastamo-nos da melhor amiga aos poucos e sem bem sabermos porquê; um dia, os segredos passam a ser partilhados com outros e as camas para um, também. Na pior das hipóteses, a melhor amiga transforma-se numa maçada anual à mesa de um café ou de um restaurante e, então, só nos resta recordar, com um sorriso nostálgico, a amiga de outros tempos e deitar fora o seu número de telemóvel.
No fundo, a nossa melhor amiga é o nosso primeiro amor. Melhor: cada melhor amiga, é sempre um primeiro amor.
Nestas idades pré-adolescentes, uma melhor amiga é muito mais do que um namorado ou uma irmã: é a alma gémea, é aquela presença constante, é tudo. Vivemos em estado de paixão pela melhor amiga, o que nos leva a ter ciúmes das atenções que dispensa a terceiros, principalmente às outras amigas - que não são as melhores, mas também são boas amigas.
A melhor amiga, não a queremos partilhar com ninguém e estamos atentas à menor manifestação de desatenção e descuido por parte dela, que não toleramos. É a nossa primeira manifestação de vontade de posse absoluta (fora do seio familiar), este desejo de guardarmos a melhor amiga no bolso.
Quando eu era miúda (e a minha melhor amiga, também), a gestão das confidências e dos desentendimentos era feita através de cartas, bilhetes e , às vezes, de telefonemas curtos; hoje, elas trocam-se acusações por email e pedidos de perdão no MSN; de resto, os afectos são os mesmos.
Podemos ter muitas outras amigas ao longo da vida - e mais do que uma melhor amiga-, mas, seja no singular ou no plural, anos depois, ainda sorrimos com carinho, à lembrança daquelas intimidades e risinhos partilhados numa cama para um, e das conversas sussurradas sobre o sabor e a forma dos primeiros beijos. E temos músicas, que associamos para sempre às cumplicidades vividas meio em segredo.
Às vezes, as melhores amigas são-no pela vida fora; outras, deixam de o ser num segundo, naquele segundo em que o nosso universo se desfaz numa espécie de poeira atómica e nós temos a certeza de que não mais conseguiremos ser felizes. Zangarmo-nos com a melhor amiga é a primeira verdadeira sensação de perda, a primeira cicatriz.
Na maior parte dos casos, afastamo-nos da melhor amiga aos poucos e sem bem sabermos porquê; um dia, os segredos passam a ser partilhados com outros e as camas para um, também. Na pior das hipóteses, a melhor amiga transforma-se numa maçada anual à mesa de um café ou de um restaurante e, então, só nos resta recordar, com um sorriso nostálgico, a amiga de outros tempos e deitar fora o seu número de telemóvel.
No fundo, a nossa melhor amiga é o nosso primeiro amor. Melhor: cada melhor amiga, é sempre um primeiro amor.