gentinha raivosa
Apareceu no Facebook (FB) um estranho grupo que quer dar o nome de carlos castro a uma das ruas sem nome de Portugal (não sei exactamente se só de Lisboa, mas alarguemos-lhes os horizontes, vá). Uma parvoíce pegada, proveniente talvez de um grupo de familiares saudosos (se calhar aqueles anormais que espalharam as cinzas da criatura pelos ares de Manhattan) ou da concertação virtual de uma dúzia de bichas solidárias: é-me indiferente. O certo é que pouco tempo depois surgiu um outro ainda mais estranho, intitulado "diz não a que Carlos Castro tenha direito a nome em qualquer rua de Lisboa ou Portugal". Por muito que esta liberdade de opinar e de dizer sim ou não me seja cara (saravá FB!), acho este desejo, convertido em "página" na mais importante rede social actual, uma profunda anormalidade. É óbvio não ser alheio ao modo como morreu, o facto de Carlos Castro ser uma bicha nojenta que vivia de dizer mal dos outros e de lhes guardar os podres, e de ter uma nítida preferência por rapazes tenrinhos que se deixassem comprar - pelo que não me merece qualquer respeito acrescido só pelo facto de estar morto. Mas é preciso ser-se especialmente parvo para aderir a um grupo que se opõe fervorosamente a que seja nome de rua. Gastar energia em proibir o que quer que seja quando tal acto não está directamente nas nossas competências é uma atitude mesquinha. Ruas com nome de ditadores facínoras é coisa que para aí não falta, bem como com o nome de actores e outros artistas enjoativamente bichas ou reconhecidamente pedófilos. Ruas com nome de quem se portou mal, mandou assassinar outros, prendeu e torturou, e com nome de datas controversas, atribuídas por exemplo em função da cor política das edilidades. Ruas de cujo nome ninguém quer saber, portanto. Aliás, basta entrar na página em questão e ler alguns dos comentários lá deixados para se perceber que aquilo é do mais rasinho a que pode chegar a natureza humana. Com quase 30.00 "like" e algumas assinaturas de gente que eu teria como insuspeita. E que me fazem querer aderir de imediato aos outros, aos que querem que a criatura seja nome de rua. Porque é mais simpático. Porque manifesta uma vontade positiva de qualquer coisa, por estapafúrdia que seja, e não apenas a raivinha nos dentes de um grupelho de gente homofóbica (ou - na melhor das hipóteses - distraída).