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Ontem fui literalmente arrastada para o(s) Bon Jovi (bilhetes oferecidos no Natal e religiosamente guardados, sem escapatória possível). Não estava à espera de grande coisa. Apesar da carinha laroca (já com uma boa dose de botox e de esticanço) e de um nice but, aquelas jaquetas e a popa à eighties que o rapaz teima em manter não auguravam nada de bom. Assim como assim, prefiro mauzões dos verdadeiros, cheios de caveiras e a partir instrumentos no palco. Ou é da pesada ou não é. Bom, entretanto, consta que anda praí grande crise, mas bilhetes a 50, 85 e até 250 euros, encheram o Parque da Boavista de quase sessenta mil pessoas. À partida, e para uma claustrofóbica como eu, para quem um ajuntamento de quatro já é demais, a coisa ficou complicada desde o início. Solução? Vir cá para trás, mesmo para o fundo, e ver quase nada. O de quinze de imediato desapareceu para ir ter com os amigos "lá para o meio", para o "moche" fazer "crowd surfing". Foi uma daquelas ocasiões em que desejei não perceber uma palavra de inglês e ficar na ignorância. Portanto, fingi apenas que não percebi e disse-lhe para ter cuidado (LOL). Claro, ficámos incomunicáveis a partir do momento em que mergulhou na multidão lá em baixo, e quem ficou sem ar fui eu. O "crowd" era indistinto, muito trintão com umas horríveis t-shirts da tour, um cheiro a piroseira pairava no ar, para além dos cachorros frios a 4 euros cada. Muita gente abraçadinha nas baladas impossivelmente chatas e compridas, sem fim à vista. Estava tão rodeada de casalinhos amorosos que às tantas deu-me a carência e abracei-me ao meu filho mais novo, a minha cara na dele, a abanar-me ligeiramente e tal, para não me sentir tão de fora. Já bastava estar a achar a música uma merda. Escusado será dizer que fui gentilmente repelida pelo infante. 11 anos já não são 10, há muito que passámos a fase dos carinhos em público, era o que faltava. O drama para os meus ouvidos em breve se tornaria num drama a outro nível. Com a criança incomunicável o resto do concerto, já só pensava quando aquilo acabaria, e se acabaria em bem. Cada vez que os rapazes em palco se despediam, sentia uma alegre expectativa de definitividade, mas os cabrões dos casalinhos (aqueles que berram os refrões, porque os refrões dos bon jovi não têm fim, foi o que descobri então), pediam mais e mais, pelo que aquela foi gorada por pelo menos três vezes. Porra, que ninguém desabancava! Finalmente, quase três horas depois bazaram e sessenta mil dos portugueses que não têm dificuldades financeiras encaminharam-se desordeiramente para a saída. Quanto ao telemóvel do estapor do filho, nada. Sítio de encontro? Indefinido, porque podia ser um de dois. Resumindo a estória: quase andei à tareia com um polícia, quase tive que pedir a máscara de oxigénio ao senhor da ambulância, o meu filho mais novo (de fino ouvido musical e farto dos achaques da mãe) quase se arrependeu de ter ido, e o mais velho, quando o encontrei uma hora depois e me apareceu na descontra, quase se arrependeu de ter nascido.