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Controversa Maresia

um blogue de Sofia Vieira

Controversa Maresia

um blogue de Sofia Vieira

o tó

por Vieira do Mar, em 22.09.10

Peguemos então no advogado, um figurão de origens humildes igual a centenas de outros, embora mais bem vestido. Chamava-se António Pedro coiso e tal e ingressara logo no ano zero da Católica, pois  há trinta anos muitos paizinhos remediados achavam que mais valia não arriscar a vergonha de os filhos não entrarem na clássica. O António, mais conhecido por Tó, era da margem sul (mais propriamente, de uma aldeiazinha bucólica nas traseiras da Caparica) e batia todos os dias a ponte 25 de abril; primeiro no carro com o pai, um pêjota reformado que sonhava ver o filho  completar o CEJ e  chegar de beca à longínqua comarca alentejana onde nascera,  armado de chibata legal na ponta da língua para pôr os naturais no sítio. E é assim que cedo o Tó perde o sotaque da beira-mar para ganhar umas consoantes arrastadas, supostas marcas inegáveis de filho família. O "tu" com que tratava o pai e a madrasta, bem como os irmãos mais novos e o mundo em geral, desaparece, para dar lugar a um "você" que como não lhe vem de berço é usado nas alturas mais inadequadas. Um dia, foram até dar com ele a tratar por você o cavalo recém-adquirido. Isto porque o personagem cedo viu na estrebaria um ponto de contacto entre ele e a betalhada que o rodeava, todos com pelo menos mais três apelidos a acrescentar aos dele,  a matemática é fodida. Como o avô fosse alentejano e em tempos tivesse lá umas mulas e uns potros a correr-lhe pela herdade, ele sabia o que eram uns arreios, menos mal por isso, e logo convenceu pai a comprar-lhe um cavalo de sela que guardava numa quintarola decrépita perto do sítio onde morava, mas que lhe abriu caminho até às feiras da Golegã e ao sotaque ligeiramente ribatejano. Lá, como os outros, exibia-se impante num círculo infernal de puros sangue, carruagens, fraques, trajes de gala, chicotes, chapeús, cartolas e toda uma estranha parafernália  de nobreza equestre, pateta e anacrónica. Verdade se diga que se safava melhor na parte dos petiscos e do convivio do que propriamente na arte de cavalgar a toda a sela. Com uma voz forte, treinada na barra do tribunal,  captava facilmente as atenções. Não obstante perdia-se a grasnar, tremido e suado,  quando chegava o momento do faduncho, a tentar acertar com o embuçado perante plateias embriagadas e duras de ouvido, que iam perdendo a pose e os bonés de tweed ao longo da noite. E foi assim que, aos poucos, o Tó filho do polícia reformado e da doméstica, começou a ser aceite intra pares. As camisas Wesley de flanela fizeram alguma diferença e as botas Barbour também, tal como os coletes de pele  e a pose de caçador tertuliano. O Tó sempre tivera muito sucesso com as meninas da católica, criaturas tementes a Deus mas que abriam facilmente as pernas quando tal lhes era perdido, quem sabe a ver se lhes entrava por ali o espirito santo. E depois tinha um cabelo preto lustroso que dominava com os dedos morenos, o que lhe dava um ar ligeiramente mafioso que prometia pecado dentro das margens legais -  e que era tiro e queda para as pitas cansadas de lourinhos imberbes de barcarola revirada na testa que nunca sabiam onde meter as mãos. Era  atrevido, consta que tirou a virgindade a uma série delas e que terá engravidado umas duas, mas aquele era um meio de bons católicos, ou seja, de gente silenciosa e discreta que faz o que é preciso sem rebuço nem espinhas quando valores mais altos se levantam. Quando acabou o curso decidiu ir para advogado, dando um desgosto ao velho pai. Safou-se rapidamente das oficiosas e começou a defender traficantes, pretos, ciganos e alguns brancos. As maningâncias eram mais que muitas e o Tó aparecia todos os meses com um carro diferente, uma mota, um barco, sendo que nunca era nada dele porque tudo acabava confiscado de modo misterioso. Foi no barco em questão que amuaria em silêncio por causa das sagres. Nos entretantos, tratou logo de se garantir junto de uma santa mas estúpida criatura de dez apelidos - na verdade mais rodada que a tombola do bingo - e fez com ela um casamento de estadão numa pousada histórica que duraria o fim de semana inteiro, levando o pai a endividar-se por décadas. Entretanto, a frota automóvel aumentou, os cavalos passaram a quadrilhas e as ninhadas alternavam-se no colo das criadas. Corre-lhe a infidelidade e a trapaça nas veias, ao Tó, que foi papando mulheres sem grande critério e que ao quarto da esposa só ia com o intuito declarado de lhe fazer mais um filho, como os reis. Desde cedo, aliás, demonstrou uma preferência envergonhada por putas; mas não putas finas daquelas que sobem connosco no elevador do hotel de cinco estrelas e esperam ser abordadas, não: o tó gosta delas apanhadas da rua aos caídos, pustulentas e drogadas, frágeis e quase mortas. É uma tara que lhe vem da iniciação sexual com o avô, o tal das herdades e das ovelhas... enfim, neste assunto fiquemos por aqui que é melhor. Uma vez levou uma drogada para um apartamento arrendado no alto do Restelo e manteve-a lá, atraído pela miséria e a iminência da morte, mas afinal a menina até tinha pedigree e acabara benzinho o técnico quando resolvera experimentar umas coisas, por curiosidade e desafio. Só que naquele cérebro espapaçado ainda nadavam uns resquícios de informação sobre computação e foi assim que entrou no pc do advogado samaritano (o caralho, que gostava que ela lhe fizesse xixi em cima e tudo) e lhe limpou as contas. O coitado apanhou uma carga de nervos tão grande com traição tão improvável, que desenvolveu alopécia a ponto de lhe cair  todo o lustroso cabelo e de na feira da Golegã que se seguiu ao desastre ter tido que colar o capachinho ao boné de bombazina inglesa. Tó andou meses deprimido, nem herdeiros conseguia fabricar e foi então que conheceu a Célia, testemunha num processo seu, à qual achou piada por ser diferente e por não lhe ter telefonado no dia seguinte, mas apenas três meses depois quando segundo ela o destino lho respirara ao ouvido. Tó lembrava-se dela, tinham ido a um restaurante indidano porque era afrodisíaco e que havia resultado mesmo porque, ao contrário do então habitual, naquela noite ele cumpriria com a sua função não uma, nem duas, mas três vezes. O facto de Célia não o chatear, de não lhe desatar a enfiar alianças no dedo e de o intercalar com outros, deixava-o de certa forma à vontade. Achava-a demasiado limpinha e higiénica, demasiado perfumada entrepernas,  mas não se pode ter tudo. Pelo menos com ela, e depois do episódio da puta beta, a coisa crescia ao invés de atrofiar, como lhe andava a acontecer com as amigas da mulher e com as estagiárias lá do escritório. O sexo com a estranha da Célia, que lhe aparecia a cada dois meses insuflada de paixões súbitas, era exactamente o que lhe convinha, fazendo-o sentir-se importante quando sabia que na verdade não o era (felizmente). Por isso ficou contente quando a encontrou no restaurante tibetano enquanto a nova e saudável estagiária o tentava aliciar para o tofu e ele a fingir que sim, centrado no modo como ela descansava as mamas naturais na mesinha de madeira (nos restaurantes étnicos as mesas são sempre ínfimas e as cadeiras, desconfortáveis). Interessante, este Tó: mais ou menos um respeitável membro da sociedade, com taras escondidas no sorriso pepsodente, com um olho no alto e outro no abismo e  que encontrava na Célia, apesar de toda a descompensação afectiva desta, apesar das fugas a meio da noite e dos bilhetes pejados de drama e de impossibilidades, um suporte de alguma normalidade. Porque ele próprio é uma criatura atormentada, equilibrando-se algures entre o limbo de uma vida respeitável, onde até os cambalachos com os clientes nunca têm legalmente por onde se lhes pegar, e aquele lado escuro e doente que gosta de esfurancar nas feridas dos outros, dos mais fracos,  e de os aprisionar como bichos. Uma excelente personagem que, apesar dos amuos silenciosos e das falinhas mansas, pode dar cabo da vida de muita gente, incluindo da vida da Célia, se ela não se puser a pau e se eu estiver para aí virada. E a este não lhe mudava o nome.

projecto bichice tóxica

por Vieira do Mar, em 05.09.10

Reduzida à RTP 1 enquanto boicoto a PT em todas as suas formas até ao limite das minhas forças - uma autêntica tevê-exluída, portanto -, deparo-me com o émulo do project runway, em português projecto moda (que original). O que me salta assim logo à vista e aos ouvidos (e me dá vontade de os tapar) são os níveis tóxicos de bichice, muito além do que devia ser publicamente permitido. A parte não-bicha, residual, é composta por umas raparigas desenxabidas que me parecem do norte e que fazem uns fatos horríveis (só a gente do norte faz roupa assim, de reposteiro, pesadona e antiga, mas  a achar sempre que é apenas retro). O ambiente que se respira é de estupidez em geral. Os jurados são compostos por uma betas que parecem ter problemas de dicção e safa-se apenas um dos Manéis.  A roupa é pobre, pobre, pobre, a anos-luz do projecto original e quanto à Nayma, por contraponto à Heidi Klum... enfim, sem comentários. Com graça, apenas,  a frase final pontapé-no-cu: não sei quantos, estás fora... de moda. Isso teve piada. Entretanto, o bicha eliminado chora e os níveis tóxicos baixam drasticamente enquanto sai; mais um bocadinho e já se pode respirar. Afinal parece que não, a seguir vem a Catarina Furtado (estou quase, quase, a ceder ao monopólio PT).

célia, a drama queen

por Vieira do Mar, em 03.09.10

A Célia tinha uma particularidade: era-lhe difícil acabar com as relações mesmo depois de acabadas, de kaput, de over and out, de ponto final, parágrafo. Guardava-lhes sempre, no mínimo, o número de telefone e traços de memorabilia: uma florzinha no meio de um livro, um cartão, uma peça de roupa deles  esquecida numa gaveta, e nunca estava mais de dois, três meses, sem lhes dar sinal de vida. Jogava em várias frentes, a Célia, não como forma de acautelar uma qualquer solidão desprevenida mas porque era uma sentimentalona esperta (ou uma espertalhona sentimental, como preferirdes). A dada altura arranjou um advogado separado de facto, desses do crime, que não recebem honorários em dinheiro mas em bens que os clientes têm interesse em fazer desaparecer. O dito usava gel no cabelo e tinha um barco, um iatezito com alguns anos em cima, mais para o lado da traineira do que para o da lancha rápida, apesar dos dois motores honda enganarem bem. Um dia, estavam todos a entrar no barco: ele, ela e os filhos dela do primeiro casamento, quando aparece o ex-marido a passear-se-lhes no cais, sabe-se lá por alma de quem. E era ela a gritar-lhe do passadiço, Oh Alberto, anda connosco dar um passeio, estão aqui os teus filhos!.Perante o entusiasmo dos miúdos e o ensimesmamento do advogado, pessoa discreta fora da barra dos tribunais apesar do gel, o Alberto lá foi, passar o dia em família mais o apêndice endinheirado. Consta que uma semana mais tarde, a Célia e o ex ter-se-ão encontrado outra vez por acaso num café ao lado do emprego dele e que, por entre um folhado de carne e uma chamuça deslavada, acabaram a desmoer os salgados em casa dela, a rever posições e a fumar a xixa que ela havia trazido de uma viagem a Marrocos com o advogado, uns meses antes, mas que este, homem de leis e de cautelas, nunca se atrevera a experimentar. Despediram-se de manhã com promessas de reencontros futuros ao sabor do destino, porque assim era a Célia. Guardava fotografias e bilhetes: de cinema e de concertos pop, e escrevia a lápis num cantinho o nome do namorado (ou ex-namorado) com quem assistira aos mesmos, não fosse a memória atraiçoá-la. Havia dias em que sentia que ainda gostava deste; outros, um bocadinho mais daquele; e às vezes achava que gostava de todos ao mesmo tempo. Então divertia-se a construir mentalmente o Homem Perfeito, retirando bocadinhos simpáticos de cada um deles e colando-os numa só personalidade e num só corpo. Uma vez apaixonou-se por um alegado vegan, uma criatura de tez escura e frases feitas, adaptadas livremente do imaginário budista, que prometiam noites infinitas  de sexo tântrico. Envolvida no suposto misticismo oriental da criatura (cujo bronze afinal  era da margem sul e tinha silva por apelido) e por um estado zen que lhe fazia bens aos nervos e lhe baixava a tensão (que andava sempre nos picos), comprou panos tingidos com que encheu o tecto do apartamento, forrou a sala de calendários budistas, baixou a iluminação, espalhou incenso pelas divisões e pespegou com shiva e ganesh nas paredes do quarto. Quem lá entrava, descalçava os sapatos. Deixou de comer carne e passou aos verdes. E foi assim que, a dada altura,  num restaurante tibetano em Lisboa, onde almoçava com o seu rapaz do meco (a quem invariavelmente pagava as repulsivas necessidades materiais que este, contra sua vontade, sentia), reparou que na mesa em frente se encontrava o advogado com uma miúda de vinte anos que lhe levava o tofu à boca. Aquilo baralhou-lhe os sensores amorosos e Célia sentiu-se dividida entre fingir gostar do seitan que engonhava na boca e do sumo de tubérculo com que o ensopava, ou atentar melhor e ter pena do ar desconsolado do advogado, que ela sabia todo dado aos prazeres animais - e aos da carne em particular. Prazeres, aliás, que ela em tempos bem conhecera, mas que havia muito não provava (o caso da tarde familiar no barco não dera lá muita saúde à relação, em especial quando o ex bebeu as sagres todas com que o advogado enchera o mini freezer, feito surra). Bom, resumindo, Célia logo tratou de fazer olhinhos ao advogado, descaradamente. Duas voltas à casa de banho ao mesmo tempo e nessa noite, horas mais tarde, comiam os dois um belo bife de lombo numa brasserie conhecida de Lisboa, lambuzando-se com proteína animal  e fazendo planos para acabarem a noite lambuzando-se como animais. Mas a  brasserie tinha um bar e, quando se preparavam para passar aos digestivos e ele lhe ia contar como o barco se havia afundado no próprio cais por modos misteriosos, aparece-lhes à frente um barman que ela havia conhecido numa discoteca manhosa do cais do sodré e que lhe servira tantas caipirinhas que ela acordara toda nua numas águas furtadas lá para os lados da Graça - e onde voltaria a acordar nos dias seguintes, porque a nossa Célia era sensível ao movimento artístico e aos seus derivados, e se havia águas furtadas alguém acabaria a pintar, a esculpir ou a declamar qualquer coisa. A cena durou pouco, não porque ele fosse um cepo no que toca a sensibilidade (que por acaso até era), mas porque a despachou num ápice, uma vez que podia ter pitas novas todas as noites. Célia nao levou a mal: guardou-lhe o número do telemóvel, os pauzinhos com que mexia as caipirinhas e as bases de copos do bar: tudo com o devido carinho mas alguma indiferença, pois tinha discutido à seria com o ex por ele não pagar a pensão aos putos e a briga fora tão feia que acabariam fechados em casa dele por três dias numa de make up sex, embora ela dissesse que se haviam reunido para  "negociações". Mas, voltando à noite do advogado, escusado será dizer que este perdeu para as caipirinhas, tendo Célia fugido com o barman pela porta de serviço uma vez terminada a função, embora não sem guardar carinhosamente a factura dos bifes de lombo. Afinal, alguns meses mais tarde e acabaria por se atracar por uns tempos a um gestor de conta. Para já, porque achava que este tinha um porte parecido com o do advogado, pois também usava gel de modo ligeiramente mafioso. Tinha ainda uns olhos parecidos com os do primeiro marido, a estatura do barman e era morenaço como o outro; no fundo, eles eram todos parecidos, como não os amar a todos e a cada um deles? Nunca acabava definitivamente, a Célia. Guardava sempre bocadinhos de amor para uma noite de chuva, prevenia-se de carinhos e de posições favoritas, não fosse o diabo tecê-las que a gente nunca sabe o que nos traz a esquina seguinte. Era a rainha das despedidas ardentes e dos reencontros apaixonados, uma equilibrista emocional que, apesar dos arquivadores de bilhetes e dos índices quase onomásticos com os petit nons que dava às pilas que lhe iam passando pelas mãos,  sofria de uma desarrumação mental e de uma superficialidade amorosa que confundiam tudo e todos com todos e tudo. Superficialidade, essa, que compensava com um fidelidade da qual se orgulhava porque a considerava perene, embora alternada no tempo e no espaço, claro. Uma excelente personagem para um livro, a Célia: complexa, interesseira, vivaça, sem escrúpulos, carente, imprevisível e com um manancial tal de homens à sua disposição, que daria para encher vários capítulos de fornicações entrecruzadas, tão de moda nos romances de hoje em dia. Mudava-lhe era o nome.

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