amontoado de vigílias
por Vieira do Mar, em 10.04.10

Agarro-me ao dia com unhas e dentes, e tento passar de raspão pela noite. A noite é um trapézio sem rede, um cadinho de diabos à solta e, nela, os meus medos são ancestrais, gerados no princípio do mundo. Sei que as coisas não são as mesmas no escuro. Ensinam-nos de pequenos que são, mas não: esta cama não é apenas um colchão ortopédico assente num estrado encostado a uma cabeceira florida: é uma eira de mágoas e um amontoado de vigílias.