a propósito de saber o que fazer com as ancas
...elas explicam.
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...elas explicam.
... e apetece-me ver porcarias na tevê, apesar de tristemente reduzida aos quatro canais nacionais. Neste preciso momento estou em choque, com a Bárbara Guimarães a apresentar um programa em que as pessoas não sabem cantar, mas cantam mesmo assim e ninguém se importa. Não tenho nada contra a Bárbara, embora a ache com péssimo gosto para maridos. Também me parece um bocado acabadota e demasiado produzida, mas isso acontece em geral com as mulheres que casam com homens mais velhos. O pior é que não tem qualquer sentido rítmico, canta mal que se farta e é ridícula a menear-se (mexer bem as ancas, minhas amigas, aprendam: não é para qualquer uma) , o que é um bocadinho trágico quando se trata de apresentar um concurso musical (?!). Entretanto, os meus filhos avisam-me que vou ter de levar com os recordes do Guiness, a seguir. Ainda por cima, chove.
... ah pois estou. Já pensaram bem na maravilha que é andarmos todos por aqui e dizermos aquilo que nos apetece? A propósito: o povo, os autarcas e os ilustres de Santa Comba Dão merecem-se uns aos outros. Na televisão, vejo uma pequena multidão, grunha, inculta e envelhecida, que acha bem que a praça se chame "Dr. Oliveira Salazar", toda contente com os comes e bebes de graça. Acho a cena deprimente. Que cada terra seja livre para chamar às suas praças o que bem entender e que não aceite as críticas que lhe possam ser feitas quanto ao gosto, no mínimo duvidoso, da sua escolha, parece-me uma evidência salutar. Mas chateia-me que não se lembrem que, se o filho da terra ainda governasse, ninguém teria essa liberdade. Dar o nome de alguém a um lugar significa um tributo a esse alguém. Prestar homenagem a Salazar, para mais no dia 25 de Abril, é tão estúpido que nem chega a ser provocatório. Mas enfim, é também para isto que se fez a revolução: para autarcas labregos darem a uma praça o nome de um ditador que fez definhar o país durante décadas, só porque lhes apetece, e para os naturais acenarem em concordância enquanto, com as bocas sorridentes e desdentadas, abifam mais uma febra e engolem a décima mine.
O melhor remédio para uma noite de insónia, temperada com uma tristeza persistente e um ensimesmanço apaspalhado: Burn after reading.