eu cá trocava mas era a angelina
A Troca (The Changeling) é um bom filme, ou não fosse de Clint Eastwood (pessoa que, pessoalmente, amo). Devo, no entanto, ser a única a achar que escolher Angelina Jolie para o papel de mãe desesperada foi, no mínimo, um erro de casting. Que me desculpem os especialistas, os cinéfilos, os críticos e toda a homenzarrada excitada em geral: a criatura pode ser boa (para quem gosta do estilo biafra) mas não é uma muito boa actriz. E, para este papel, exigia-se uma actriz de excepção. É parada, monocórdica e inexpressiva. Não se trata de contenção: uma grande actriz pode quase não mexer um músculo, não dizer uma palavra e no entanto transmitir aos espectadores toda uma panóplia de desesperos interiores (recordo, por exemplo, Meryl Streep em Sophie´s Choice). Angelina Jolie, quanto a mim, não o consegue fazer. Muita caracterização em cima, grandes olheiras negras nuns belíssimos olhos azuis, uma extrema magreza e uma gritaria insistente (I want my son!), ao longo de todo o filme, não chegam para compor credivelmente uma mãe ensandecida. Francamente, não tinha ideia formada dela como actriz; vi-a como Lara Croft e como Mrs. Smith e, nos momentos em que consegui desviar os olhos de Brad Pitt, até achei que estava bem: o estilo boazona castigadora fica-lhe a matar, apesar de alguma falta de carnes. Acho-a um daqueles casos típicos em que o enorme valor mediático da sua publica persona insufla artificialmente a sua cotação artística.