a mónica no sapo (salvo seja!)
A Mónica mudou-se para o SAPO. Bora atrás, que a gente sem ela não passa. E toca a mudar os links ASAP!
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A Mónica mudou-se para o SAPO. Bora atrás, que a gente sem ela não passa. E toca a mudar os links ASAP!
Para me distrair de coisas várias, resolvo ir aos saldos, embora saiba que o mais provável é vir de lá cheia de avanços das colecções de Verão, que aguardarão meses no armário antes de adquirirem qualquer utilidade. Como estou sozinha e ainda não há nada de jeito nas novas colecções (senhores estilistas/designers: o azul-futebol-clube-do-porto como cor fashion deste Verão, não é opção, ok?), dedico-me a breves análises sociológicas, com a profundidade habitual. Reparo naquele fenómeno engraçado em que, chegando nós a um expositor sem ninguém e em começando a mostrar interesse pelo conteúdo, logo o restante mulherio se sente misteriosamente atraído pelo mesmo expositor e, de preferência, pelo mesmo trapo. Se temos alguma coisa na mão e a pousamos momentaneamente, é certo e sabido que a vizinha do lado a arrebata imediatamente com ganância, nem que seja para a largar logo mais à frente. Deixo duas peruas a esgatanharem-se por um top que desprezei e sigo para a secção de lingerie. A democratização da lingerie foi uma coisa muito boa: hoje em dia, mulher que se preze já não precisa de lamber as montras da Loja das Meias a cobiçar os conjuntos da La Perla, podendo, por uns meros quinze ou vinte euros, ter festarola em casa. O problema é que agora os sutiãs vêm almofadados e as cuequinhas são quase obrigatoriamente fio dental. Coisa que sinceramente não percebo. As maminhas das mulheres, há-as pequenas, médias, grandes e gigantescas - como sempre houve. No entanto, as marcas partem do pressuposto de que, qualquer que seja o tamanho das nossas, é sempre insuficiente. Vai daí, toca de encher as copas com umas almofadas grossas para enganar o voyeurista incauto, o engate do dia ou o namorado desprevenido. Como resultado, qualquer adolescente que ponha um inocente sutiã da Hello Kitty fica parecida com uma estrela porno. É a estratégia concertada de sexualização precoce das miúdas - o que mete um bocadinho de asco e não é nada elegante. Além de que eu – e a maior parte das mulheres que trabalham e têm algum poder de compra – não só já não sou miúda, como deus foi generoso comigo quando agitou a sua varinha mágica e plim!, pelo que não preciso de qualquer boob booster, e para prateleiras obrigada vou ao aki. Assim, senhores da lingerie (isto só pode ser coisa de homens, já se vê), agradeço que devolvam às lojas os honestos sutiãs do antigamente, que muitas de nós não andam aqui para enganar ninguém e what you see is what you get. Outro problema são as cuecas. Eu confesso: sou tipo Bridget Jones, adoro cuecas grandes de algodão, e só não as uso porque nem sempre estou sozinha quando as dispo. Cuequinha, para mim, tem de ser confortável e aconchegante. Ora, nas prateleiras das lojas, ao lado das almofadas-sutiã, temos uma enorme variedade de estreitíssimos fios de renda que nada tapam e que se limitam a dividir-nos o corpo em duas partes de forma assaz desconfortável. Além de ser uma grande porcaria. Mais uma vez, um artefacto obviamente inventado por homens e que a eles fundamentalmente agrada. Tenho amigas que dizem que uma pessoa habitua-se. A gente também se habitua a comer tofu e seitan, o que não quer dizer que seja bom. Uma carga de trabalhos, portanto, encontrarmos uma cuequinha honesta que, sem ser de gola, tape decentemente o rabo, deixando só um bocadinho das bimbas à mostra - isso sim, verdadeiramente sexy (não sou eu que o digo: fiz uma encuesta). Agora, o cúmulo da chatice é que a compra de uma cuequinha com um sutiã a condizer apresenta um problema incontornável, aliás semelhante ao dos casais em geral: é quase impossível encontrar um par em que sejam ambos honestos e confiáveis - ou se arranja um ou o outro, mas não os dois no mesmo sítio.