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Controversa Maresia

um blogue de Sofia Vieira

Controversa Maresia

um blogue de Sofia Vieira

depois deste natal...

por Vieira do Mar, em 30.12.08

... fiquei com a certeza de que a humanidade se divide entre dois tipos de pessoas:  as que conhecem e as que não conhecem os Gormiti.

israel

por Vieira do Mar, em 29.12.08

Quando viajamos todos juntos, somos muitos, pelo menos um quarto duplo e outro, triplo. Por isso, procuro sempre hotéis baratos, minimamente decentes mas suportados pelo orçamento, que arranjo pela net em sites de confiança. Quando vou a Londres, a coisa é dramática, porque a oferta hoteleira, em especial nas épocas altas - como é a do Natal - é má e estupidamente cara. Desta vez, escolhi um hotel em Bayswater, numa zona suficientemente próxima de Hide Park e de Marble Arch, que sabia ser residencial, a ver se conseguíamos dormir qualquer coisa sem sirenes nem ambulâncias a noite toda. Para castigo, eu que sou, no geral, anti-muçulmana ( tenho um péssimo feitio, não aprecio religiões que tratam as mulheres abaixo de cão), calhou-me um hotel gerido por muçulmanos. É que, não sei se estão a ver: o pequeno almoço era nojento, sem bacon, salsichas ou derivados, só com uma espécie de queijo e de pão e, na gaveta da mesa de cabeceira, se calhar para me embalar o soninho, um exemplar do Corão, em inglês. E eu li. A sério, todas as noites folheava aquilo e lia um e outro capítulo; atravessado, mas lia. Aquilo é mau. A “palavra do profeta” estende-se aos mais ínfimos aspectos das relações pessoais e sociais, e nada à deixado ao livre arbítrio ou à liberdade de escolha. O incitamento ao ódio por aqueles que professam diferentes religiões, são de outras raças ou que, pura e simplesmente, se regem por outras regras, é uma constante, bem como o é a ameaça de castigos terríveis que se abatem sobre quem prevaricar. Há capítulos inteiros que regem minuciosamente as relações entre os muçulmanos e, por exemplo, os judeus (os descrentes) ou os cristãos; e entre o homem e as suas mulheres. Aquilo é assustador, juro. E sempre a omnipresente ideia de vingança, de castigo, de dor, de pena, de ira. E não me venham com conversas de que aquilo é metafórico, como a Bíblia, que não deve ser entendido literalmente, mas adaptado aos dias de hoje. Uma ova. O que li era prático, pragmático e concreto, como por exemplo a parte dedicada à forma de o homem gerir os seus bens - entre os quais se contam as  mulheres - ou de se relacionar com os outros homens. Às tantas, um dos capítulos intitula-se qualquer coisa como “Da salvaguarda dos direitos das mulheres”. Fiquei curiosa - será?! “Direitos da mulheres”?! Afinal, não me desiludiu: era apenas um conjunto de regras que dizia quando é que o homem se pode legitimamente “livrar” de uma das suas mulheres, ou seja, pô-la a correr - se, por exemplo, estivesse grávida, teria que esperar até que o filho nascesse, depois, andor. Resumindo e concluindo, detestei: detestei a filosofia subjacente, o apelo ao ódio e ao repúdio a tudo que é diferente, a abjecção do prazer,  a minúcia regulamentar dos gestos e das acções. Deve dar, sem dúvida, umas belas de umas lavagens cerebrais lá nas madraças... Brrr. E, agora ,esta história do hamas, a par com as manifestações que se multiplicam pela Europa fora - manifestações de gente piedosa, culta e informada, que se senta descansada no Starbucks da esquina, a ler o seu jornal da manhã, sem qualquer receio de que um rocket lhe caia em cima enquanto engole o seu cafe latte. Gente  boa e bem intencionada, mas que vive sem medo, que não sabe o que é o medo, que não repara quando um carro estaciona em frente ao restaurante onde está a jantar, que entra à vontade no autocarro sem atentar no vizinho, que nunca olha para o céu a ver o que de lá pode vir e que, por isso, menospreza o medo dos outros e a necessidade imperiosa que estes têm de fazer qualquer coisa. Escusado será dizer que estou, como sempre, com Israel. E não me venham falar nas criancinhas inocentes - crianças inocentes, vítimas, há-as de ambos os lados: mas só um desses lados, ao esconder os seus arsenais bélicos em casas de família, as usa como escudos humanos.

2008

por Vieira do Mar, em 28.12.08

Este ano foi, em muitos aspectos, bem melhor do que os anteriores. Apesar de ter trabalhado de mais e escrito de menos; apesar de ter viajado pouco, quase não ter ido ao cinema, ter lido poucos livros e ainda menos blogues. Mas redescobri o núcleo do amor, sendo que andava há muito a rondá-lo, apenas, às voltas na periferia, a achar que chegava. Porque, ao contrário do que diz Bernardo Soares n`O Livro do Desassossego, não são os arredores do amor que vale a pena; os arredores são só uma distracção quando não há mais nada, quando por mil razões nos deixámos infectar pelo cinismo e pela amargura, ou quando a estrada acaba já ali porque não nos apetece seguir para lado nenhum. Reaprendi a beleza que há em fazer planos para o futuro, grandes e pequenos, em querer que as coisas sejam assim e ter a certeza de que vão ser, e livrei-me de vez da sombra de uma ou duas criaturas, que se me colava às canelas e me puxava para baixo, como as correntes dos condenados. Andar de mão dada, segredar parvoíces, rir muito e à toa de uma piada má mas só nossa e, nesse momento, não lembrar de mais ninguém; achar que se tem de repente vinte anos; guardar os amigos que o são, gozar o sucesso dos amigos, a família com saúde, miúdos lindos, brincar com os cães e com os gatos, plantar couves e courgettes, ler mais depressa o Borda d´Àgua do que os colunistas de sempre nos semanários do costume, olhar para o céu mais vezes, interpretando-o. Levei na cabeça, é a vida,  estou mais tolerante, acho tudo bem desde que não me chateiem (bom, isso sempre achei), o que me devolve um paradoxo só aparente: cada vez aturo menos gente medíocre, invejosa, gente que não me interessa e que nada traz de novo à minha vida: ponho-os a correr, logo. Apesar disso, vejo-me mais cordata e não perco tempo a amuar com estranhos; aliás, acho que a frontalidade está sobrevalorizada e que é, frequentemente, apenas uma boa desculpa para a má-criação, e que por vezes mais vale simplesmente virar as costas e ignorar. Continuo a gostar de desempenhar papéis vários, a escrever em muitos tons, no entanto, a detestar a aldrabice, o embuste, o fingir-se aquilo que não se é quando se afirma perante os outros um eu que se pretende verdadeiro. Daí, talvez, ter perdido a paciência para muitos blogues, que são fraudes pegadas, além de pretensiosos e chatos. Em contrapartida, e como nos anos anteriores, fiz um ou dois bons amigos à conta dos blogues. Conto-os pelos dedos das mãos, aos amigos dos blogues (ou por causa deles) mas são bons, muito bons. Perdi, igualmente, as pretensões literárias, e assumi a preguiça e a falta de disciplina, o que não foi necessariamente mau. O confronto não me atrai como antes, quero é sopas e descanso, e não perco tempo com o que para mim não presta, que a segunda parte da minha vida está aqui e está a passar a correr. Foi, assim, um ano de triagem, um ano espremido do qual guardei o sumo,  um ano bem melhor do que os anteriores.

a blogger do ano

por Vieira do Mar, em 28.12.08

"(...) O romance de Mónica Marques, que se lê como se a vida conseguisse interromper-se para se ver, não é troca nem conciliação. Mantém a alma amada da distância e da vaidade e da tesão e do deslumbramento por atacado. É um livro de viagens entre ela e ela própria; entre ela e os outros; entre ela e nós, pela maneira como nos inclui e nos põe a ler. (...)"

 
MIguel Esteves Cardoso

o blogue do ano

por Vieira do Mar, em 28.12.08

"(...) A dona do Rosa Cueca ficou grávida, engordou 15 quilos e viu crescer varizes e um cu superlativo. Pariu a criatura mais assombrosa do planeta Terra, emagreceu em tempo recorde, sacou o puto a Chueca em quanto coube nos jeans mais cool do armário e já está pronta para outra. E sem perder a graça, sem deixar de postar e de estar atenta ao mundo e aos seus encantos. Não é falta de modéstia, é que bloggers como eu já somos uma rareza. E isso tem prémio."

 

"dancing queen", do filme "mamma mia"

por Vieira do Mar, em 27.12.08

Muito giro, Meryl Streep rocks!

coisas que verdadeiramente interessam

por Vieira do Mar, em 27.12.08

O House beijou a Cuddy.

noite de paz

por Vieira do Mar, em 24.12.08

À minha família, aos meus amigos, aos conhecidos, aos que apenas me lêem - e a todos com um pedido de desculpa por não ter podido (ainda) responder pessoalmente a tantos mails, SMS, telefonemas e pensamentos positivos -, os meus votos de um Natal cheio de paz, amor,  luzes dos chineses, muito colestrol e presentes inúteis e demasiados.
 

:)

domingo

por Vieira do Mar, em 21.12.08

subsídio de desemprego

por Vieira do Mar, em 15.12.08

Ouço no Telejornal que uma das medidas com que o Governo pretende combater o desemprego é através do prolongamento do subsídio de desemprego por mais seis meses, o que me parece extraordinário. Ao dar mais cerca de, em média, digamos, 400 ou 500 euros por mês aos desempregados, que estão por definição sem fazer nenhum, o governo visa, portanto, incentivá-los a que se levantem das suas caminhas de manhã e que vão dar o litro para a rua à procura de um emprego onde irão ser mais ou menos explorados para ganharem… o mesmo. Em parte por causa disto, as secções de emprego dos jornais estão cheias de procura de mão-de-obra não qualificada, em que ninguém pega. As pessoas não querem um emprego qualquer, ora essa. Há uns meses fiquei sem empregada doméstica, pessoa que até então tinha tido a tempo inteiro e a quem pagava um ordenado mensal com tudo aquilo a que tinha direito. Depois disso, desisti de voltar a contratar outra, porque parece que as senhoras agora ganham à hora. E pedem oito euros por hora, em média. Oito euros. Se digo que não posso pagar tanto porque teria de abdicar do meu ordenado para pagar o delas, boa noite e um queijo, ala que se faz tarde, não há descontos para ninguém. Preferem nada ganhar, a ganhar menos. Quem tem terrenos no campo, sabe do impossível que é arranjar alguém para aquelas tarefas sazonais como lavrar, podar ou mondar, ou arranjar quem cuide de uma horta; quem tem um apartamento, uma casa ou uma vivenda, sabe do drama que é arranjar um canalizador, um estucador, um pedreiro ou um marceneiro que façam ou consertem qualquer coisa, sem ser por especial favor e mesmo quando nos oferecemos para que fiquem com toda a nossa fortuna, por favor,  que fazemos questão. Por outro lado,  jovens inúteis (e outros não tão jovens assim, mas igualmente inúteis) continuam a esfregar-se o dia inteiro pelos balcões dos cafés por este país fora, a discutirem a avaria no piston da famel e o jogo da terceira divisão com o carrascaleira de baixo. O subsidio de desemprego é uma mama que se limita a induzir a acomodação e a preguiça, quando não vai para quem efectivamente o merece. E merecem-no, por exemplo, aqueles trabalhadores fabris dispensados ao fim de uma vida de trabalho na linha de montagem, sem idade nem saúde para se irem amanhar para as obras. Agora, os outros - que são, aliás, a maioria - não o merecem. No fundo, é uma medida que,  porque distribui injustamente a riqueza (seja porque não está a ser correctamente aplicada,  seja porque os pressupostos de aplicação estão pura e simplesmente errados), cria mais descontentamento social do que aquele que pretende aplacar, pois provoca rancor na larga maioria dos que trabalham a sério e que pagam os impostos que servirão para a financiar.

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