Fui alertada por uma amiga para as polémicas que devastaram os blogues
5 Dias e
Corta-Fitas, nos últimos dias. Como estou com tempo a mais entre mãos e uma crise de preguiça que nem vos conto, resolvi tentar perceber o que se passou. As razões, afinal, são as mesmas que sempre levam à cisão nos blogues colectivos: uns, não querem que os outros escrevam certas coisas, mesmo que todos assinem e se responsabilizem por aquilo que escrevem; ou seja, uns, não querem ficar
manchados pelas opiniões dos outros com as quais não concordam. O que me parece um nadinha absurdo e contrário à própria filosofia de
blogue colectivo (embora cada um deva poder definir a filosofia que muito bem entende, já se vê). Em tempos escrevi num blogue colectivo só de mulheres, o
Sociedade Anónima, de muito boa memória, e posso garantir-vos que aquilo era um grande forrobodó, pois não podia haver um conjunto de mulheres mais diferentes entre si. Por vezes detestava o que algumas das minhas colegas escreviam; achava medíocre, piroso, entediante, irrelevante… para não dizer que não concordava pura e simplesmente com as suas opiniões ou modos de estar na vida. Escusado será dizer que elas terão pensado o mesmo e outras coisas mais daquilo que eu escrevia. Esta divergência de gostos, de estilos e de opiniões, que de vez em quando degenerava numas inócuas lutas na lama, era igualmente visível na heterogeneidade dos comentadores, essencialmente compostos por homens a bater uma em frente ao computador, mas não só: havia de tudo e para todos os gostos. Bom, isto para dizer que, a mim, nunca me passou pela cabeça deixar de escrever na SOCA por causa de certas parvoíces que lá lia, nem, muito menos, me ocorreu pedir à nossa
Chefa que corresse com alguma das recrutas (nem ela aceitaria, claro, isto é só para efeitos de um
supônhamos). Porque acho que um blogue colectivo é giro assim: com muita diferença à mistura e até um bocadinho de porrada interna de vez em quando, desde que não descambe - o que inevitavelmente acontece, daí acabarem todos, mais cedo ou mais tarde. Por isso, é fartar vilanagem enquanto a coisa dura e não descamba. É claro que é preciso haver uma
Chefa como a que nós tínhamos que, com paciência e diplomacia, conseguiu durante dois anos que não nos esgatanhássemos todas em alegres
cat fights. Quem não gostou foi saindo, acompanhada de um ou dois posts curtos e grossos com breves explicações e agradecimentos, ponto. E foi assim que a Soca se tornou no melhor blogue colectivo que a blogoesfera portuguesa algum dia conheceu, tendo deixado muitas saudades. No caso do blogue Corta-Fitas, pelos vistos com uma filosofia diferente, o que aconteceu foi apenas uma tentativa concertada de censura a um dos membros. Se foi
justa ou
legítima, não sei nem me interessa, aliás, aquela merda, tal como esta merda, é apenas um blogue. E não cessa de me espantar, como sempre, a quantidade de horas gastas e o dispêndio de energia, por parte destes homens de barba rija, homens feitos, imagino que muitos com filhos, se calhar já avôs, em picardias tontas, em discussões fúteis sobre liberdades e democracias, em discursos emotivos sobre quem sai e quem fica… no blogue. Na merda do blogue. HORAS naquilo, meu deus… DIAS. E depois o tédio, para quem está de fora e os lê. Porque, como fazem gala de mostrar que são filhos família, muito educados, não há peixeirada deveras, mas apenas um venenozito suave destilado nas entrelinhas, e primeiro que se mudem de malas e bagagens para um blogue qualquer ao lado, fáxavor! Fosse a dissenção entre mulheres ( e SÓ entre mulheres!, quero eu dizer), e meia dúzia de mails à porta fechada bastariam para pôr um ponto final no assunto rapidamente, pois haveria jantares ou broches para fazer, camas para compor ou para desmanchar e banhos para dar… ou para receber. E quem viesse atrás que fechasse a porta, à chave e com duas voltas, por causa das correntes de ar e das romenas das radiografias (e ainda dizem que não há diferenças entre os sexos…
yeah right).