Outra piada. A actual Lei das Armas (Lei n.º 5/2006) é um diploma absurdo que, entre outras coisas, prevê a posse e o uso de objectos como os "aerossóis" ou as "bestas", mas que não prevê especicamente, em nenhuma das suas intermináveis alíneas, a arma mais comum usada pelos agentes de crimes contra a propriedade em Portugal: a pistola de alarme transformada numa letal 6.35 mm pelo engenho e carolice da rapaziada, e que é vendida quase às claras em todas as feiras do relógio deste país. Agora, esta ideia peregrina da prisão preventiva. E eu só gostava que me explicassem - para começo de conversa - como, levando o Laboratório de Polícia Científica da PJ cerca de dois a três anos para proceder ao exame pericial de uma arma apreendida (ou seja, dois a três anos para nos dizer quais as especificações e características da mesma, por forma a sabermos em qual das alíneas se enquadra, pois a punição varia), como, dizia eu, é que isso se vai coadunar com as quarenta e oito horas que um juiz tem para imputar a prática de um dos crimes previstos na dita lei a um arguido, e de seguida aplicar-lhe a prisão preventiva.
A Catarina explica aqui e aqui, de forma brilhante, as origens e razões da crise económica actual, prestando um serviço público tão bom que devia ser bestialmente paga para o fazer. Eu, uma verdadeira totó em economia cujo racicínio matemático-financeiro se esgota no acto de saber o montante do saldo negativo, agradeço-lhe penhoradamente a explicação inteligente, concisa e muito engraçada. É nestas alturas que me reconcilio com os blogs, que ultimamente me irritam com tanta politiquice, pedantice, redundância e falta de humor. Como diria a minha querida Rititas, os meus amigos são muito mas muito melhores que os teus.
"A minha filha mais velha saiu do confortável casulo/colégio particular em que sempre andou, para ingressar numa escola pública, na vertente "Artes Visuais". Começou pela sandalucha de missanga no dedo, avançou para a calça balão dos indianos e as túnicas étnicas com decotes violentos; depois vieram os brincos compridos a chocalhar, um diferente em cada orelha, mais dois ou três furos por aí acima e uma espécie de anel na parte superior da cartilagem (sem furo, por enquanto). Os cabelos já lhe vão a meio das costas, as pontas demasiado espigadas e, enrolados ao pescoço, aqueles horrorosos lenços aos quadrados do hezbolah. Toma dois banhos por dia mas não parece e já me fala em piercings no umbigo e num brilhantezinho – daqueles pequeninos, vá lá mãe! – na narina esquerda.
Declaração de interesses: eu sou basicamente uma beta. Uma beta hippy-chique, mas uma beta. Simpatizante dos norte-americanos, da causa judaica, da sociedade de consumo, da Vanity Fair, da Net a Porter e das botas Prada, pois há muito que me habituei a usar luvas nos pés. Sei que é bastante saudável e até desejável, isto de os adolescente cultivarem a sua individualidade afirmando as diferenças e por aí fora, mas também sei que terei de me submeter rapidamente a uma cirurgia para alargar o esófago: só assim conseguirei engolir os sapos que aí vêm."