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Controversa Maresia

um blogue de Sofia Vieira

Controversa Maresia

um blogue de Sofia Vieira

telejornal

por Vieira do Mar, em 19.07.08

Pobre/excluído/cigano (riscar o que não interessa), no interior da sua habitação social a mostrar ao jornalista da SIC o que é que os outros pobres/excluídos/ciganos lhe roubaram: “Ali estava a televisão e o DVD, e além as playstations *  e o DVD dos meus filhos.”

 

* note-se o pormenor do plural.

pra rua me levar

por Vieira do Mar, em 17.07.08

às vezes

por Vieira do Mar, em 16.07.08

... até me chateia, ter tanta razão.

 

 

" Cerca de 90% da população activa residente na Quinta da Fonte beneficia do Rendimento Social de Inserção, de acordo com dados da Câmara Municipal de Loures. E muitos, apesar de pagarem rendas de 4,26 euros por mês, devem neste momento à autarquia quantias que chegam aos oito mil euros (...)."

 

 No resto da notícia é ainda referida a estranha abundância de carros de alta cilindrada à porta das habitações sociais (como é óbvio, do tráfico de droga), e de como gente trabalhadora e honesta, que pagou pelas suas casas, é obrigada a conviver com esta cambada pária e delinquente.

 

Já agora, e acrescento eu só por curiosidade: cambada essa que muitas vezes nem sequer paga a luz, pois abastece-se com as chamadas puxadas  que faz no espaço comum dos prédios ou nos candeeiros da rua.

responder à chamada

por Vieira do Mar, em 15.07.08

parvoíce e gangs rivais

por Vieira do Mar, em 14.07.08

Hoje em dia, os media marcam a agenda política de um país. Porque existem telemóveis que filmam, Portugal descobriu subitamente que nos bairros sociais se anda aos tiros e que a malta de “etnia cigana” e de “etnia africana” não se grama. Os telejornais repetem à exaustão umas cenas mal filmadas, onde nos apercebemos, cá de longe, que a “etnia africana” usará, talvez, um tipo de arma de fogo mais discreta que caberá na palma da mão, enquanto que a de “etnia cigana” nutrirá maior simpatia pelas caçadeiras de canos serrados (ou seria o contrário?). Todos se desdobram em declarações e até o senhor ministro se deu ao trabalho de compor um tom solene e ligeiramente surpreendido, como se tivesse sido a primeira vez que estas coisas aconteceram. Mas não. Há anos que ocorrem rixas entre etnias rivais na periferia de Lisboa, com lugar a mortos e feridos, só que dantes não chegavam à comunicação social. Nestes bairros, quase toda a gente guarda armas debaixo do chão ou do colchão, juntamente com o dinheiro da venda nas feiras e o da droga, e os polícias conhecem-nos a todos - um a um (o inverso também é obviamente verdadeiro). Levantar as tábuas do soalho das casas ou virar os colchões desta gente toda, provocaria um tumulto social de proporções inimagináveis, que começaria com muita gritaria e acabaria num enorme e vingativo tiroteio, provavelmente com mortos de ambos os lados. Os polícias são poucos, têm medo (designadamente,  de acertarem em alguém) e vão por isso gerindo esta paz podre o melhor que sabem. Muitas vezes, aquilo não implode tudo de uma vez graças aos esforços diplomáticos de um subchefe qualquer que não foi a casa dormir porque ficou a demover um animal de abater os vizinhos a sangue frio. No entanto,  nas cenas seguintes,  vemo-los a exigirem apartamentos novos, quando não a invadi-los, o que é uma chatice porque desatamos a fazer associações de ideias e a generalizar. A culpa, no entanto,  não é deles, dos supostamente excluídos dos guetos, mas sim do sistema. É, sim, do próprio Estado Social, que se tornou uma perversão de si próprio ao alimentar a pão-de-ló os socialmente marginalizados, contribuindo para que estes não queiram deixar de o ser, pois estão muito melhor assim. Por exemplo, hoje em dia, um casal que viva num bairro social sem ser legalmente casado (como um casal cigano), chega a receber mil e duzentos euros de rendimento de inserção social (seiscentos por cada um), mais  cem euros por cada filho, sendo que não paga de renda mais de vinte euros e não paga quaisquer impostos. Isto, convenhamos, desmotiva qualquer um, seja de que etnia for,  de encetar uma vida de contribuinte honesto e trabalhador. Por isso, ao pretender combater a exclusão, o Estado pura e simplesmente fomenta-a.  Além de contribuir para o descontentamento ressabiado das massas que trabalham que nem cães para pagarem a prestação da casa e a papa do filho único, o que também não é socialmente desejável e depois dá origem ao aparecimento dos manuéis monteiros desta vida e de outros ainda piores. Por isso, mete-me um bocadinho de nojo, a conversa dos blocos de esquerda e quejandos quando, perante as imagens do tiroteio, dizem que é preciso a polícia inventariar e apreender todas as armas proibidas, como quem tivesse acabado de descobrir a pólvora. É claro que o estado de sítio a que tal conduziria, justificar-se-ia se fosse efectivamente possível uma limpeza como deve ser:  se fossem aos bairros todos, às feiras onde as armas se vendem às claras (como a do Relógio)  e se prendessem gente e não a soltassem logo a seguir, ou seja, se o Estado ainda se lembrasse do que é impor respeito e ser respeitado. Mas não é:  seria preciso umas boas centenas de agentes em acção, uma coordenação impecável e uma interpretação da lei muito mais severa do que a que é feita actualmente pelos tribunais. Porque o status quo da impunidade e do privilégio que assistem a muitos destes marginalizados sociais já está instalado há muito:  eles sabem bem aquilo a que têm direito, sabem como exigi-lo, onde apertar e quem pressionar. E, para tanto, têm contado com a inestimável ajuda, de quem? Precisamente, dos blocos de esquerda e quejandos, que agora reclamam a autoridade do Estado (presumo eu que a reclamem, se calhar acham que os polícias deviam ir bater de porta em porta e pedir por favor).  A arrogância moral de quem se acha melhor e mais bem intencionado do que todos os outros anda geralmente  emparelhada com a parvoíce.

...

por Vieira do Mar, em 10.07.08
Aqui a barata vai passear as suas flores para o SAPO. Digam lá se o template que a Cláudia fez não está giríssimo? Portanto, a partir de agora, é um facto: tenho o baby-blog mais cool da blogosfera.

desconfio

por Vieira do Mar, em 07.07.08

que isto dos quarenta vai ser giro.

...

por Vieira do Mar, em 07.07.08



(o que mais me irrita é que a miúda escolheu um poema do Pessoa que é a minha cara chapada, ou melhor, que é assim uma espécie de mantra que faço por repetir diariamente, à espera que resulte e que seja mesmo assim; e isto sem eu nunca lhe ter falado de Pessoa nem saber que ela o andava a ler. Uma choradeira danada, foi o que foi, parecíamos as mangueiras dos bombeiros a apagarem hoje o fogo na Avenida da Liberdade.)



born on the fourth of july

por Vieira do Mar, em 04.07.08

Há uns anos, escrevi este post no Passeai!, onde contava uma conversa entre mim e o meu filho mais novo que ilustrava na perfeição como ele, desde cedo (tinha na altura acabado de fazer cinco anos), revelava ser aquilo a que se chama "marca anzol". A coisa rezava assim:

 

"- Joãozinho, não estou a gostar da maneira como te andas a portar. És mal-educado para as outras pessoas, viras-lhes as costas quando elas te falam, não respondes quando te dizem olá, amuas por tudo e por nada. Não podes fazer isso, é muito feio. Quando eu ou alguém falamos contigo, não te vais embora nem bates com a porta, ouviste? E agora fica aí um bocadinho a pensar no que te disse e vais ver que eu tenho razão.

(eu saio, ele fica sentado no sofá, emburrado, a fingir que vê televisão. Passados cinco, dez minutos, vai ter comigo)

- Mãe, posso falar contigo? Quero dizer-te uma coisa.
- Sim, claro, Joãozinho, diz: o que é?
- Era só para te dizer que NÃO fiquei a pensar no que tu disseste."

 

Isto vem a propósito de quê? Ah, sim, já sei: era só para dizer que eu hoje NÃO faço 40 anos.

 

:)

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