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por Vieira do Mar, em 06.02.08
Há aqui uma confusão de princípios por parte do Ministro da Justiça quando diz que, por concordar com as declarações do director da PJ, este se mantém no cargo. Que disparate. O que poderia ter posto em causa a relação de confiança entre o Ministro e o Director da PJ (e ter levado a uma destituição do cargo), foi o facto de este ter vindo expressar publicamente uma opinião pessoal, questionando a bondade de uma investigação criminal e colocando em cheque a imagem institucional de todos os que nela intervieram e intervêm: o Ministério Público, a Judiciária e, subindo a pirâmide, o próprio Ministro da Justiça, que terá acompanhado o processo a par e passo e tido a sua quota-parte de intervenção nas decisões que foram sendo tomadas (porque não sejamos ingénuos). Portanto não interessa se, no mais profundo do seu ser, o MJ concorda ou não com o director da PJ (aliás, se concorda, bem que se podem demitir os dois, já que estão a admitir que erraram). O que interessa é que o principal responsável por uma investigação mediática, ainda em funções, veio a público miná-la pela base e descredibilizá-la, o que trará custos futuros para o prestígio da Justiça portuguesa e mesmo para a imagem de Portugal. Em política, os erros costumam pagar-se com demissões e destituições, não com palmadinhas nas costas. O pior ainda é que, se subirmos um bocadinho mais na pirâmide do poder, temos Sócrates, o tal que deveria pôr ordem na casa e dar uma vassourada nesta gente. Mas é de Sócrates que estamos a falar, não é? Portanto, esqueçam. Não tarda muito e lá virá mais uma palmadinha: a do nosso Primeiro nas costas do seu Ministro, que sim, que achou bem e que concorda com o facto de ele ter concordado. E assunto arrumado.