pouco importa. Era previsível que o tempo ficasse suspenso e que o tal micro coiso segundo não se esgotasse assim, como na vida. E (já que quiseste saber) a parcela de tempo em que tudo supostamente mudou mantém-se ainda suspensa, como uma lua teimosa, sem saber se há-se minguar ou crescer nem se, ao crescer, vai iluminar as sombras que as pontas mais recônditas no canto dos dedos lançam nas paredes da casa. Um prado de dedos ao vento, para cá e para lá, à espera de que alguém os apanhe na altura certa, os aperte e os misture noutros dedos, debulhando-os. Disse-te que era até ficar só o Amor (a parte que se aproveita), mas não sei se será bem assim. O silêncio que se seguiu infectou os gestos dos envolvidos; espadas que impendem, condicionantes e anátemas, de repente parece que ficou de chuva. No fundo, vontade nenhuma de voltar atrás nem de dar o dito pelo não dito e a certeza de que, cedo ou tarde, o atrevimento (ou a inconsciência, em dependendo do ângulo) dará os seus frutos. No entretanto, arrepiar caminho só para que a rejeição nos pouse leve e nos faça até rir porque já sabíamos, triunfantes com a nossa própria previsibilidade. Não há hipótese porque eu determinei que assim fosse, estava apenas a pôr o destino (agora chamo-o assim) à prova, a queimar os dedos. Sorrimos, encolhemos os ombros, contamos para dentro os mortos e feridos e o tempo retoma enfim a sua marcha (e nós, a nossa). Dos danos colaterais que a explosão que esses dedos (as pontas mais soltas da pele dos dedos, onde mal afloram os sentidos) provocaram, se calhar nunca saberemos.
pouco importa. Era previsível que o tempo ficasse suspenso e que o tal micro coiso segundo não se esgotasse assim, como na vida. E (já que quiseste saber) a parcela de tempo em que tudo supostamente mudou mantém-se ainda suspensa, como uma lua teimosa, sem saber se há-se minguar ou crescer nem se, ao crescer, vai iluminar as sombras que as pontas mais recônditas no canto dos dedos lançam nas paredes da casa. Um prado de dedos ao vento, para cá e para lá, à espera de que alguém os apanhe na altura certa, os aperte e os misture noutros dedos, debulhando-os. Disse-te que era até ficar só o Amor (a parte que se aproveita), mas não sei se será bem assim. O silêncio que se seguiu infectou os gestos dos envolvidos; espadas que impendem, condicionantes e anátemas, de repente parece que ficou de chuva. No fundo, vontade nenhuma de voltar atrás nem de dar o dito pelo não dito e a certeza de que, cedo ou tarde, o atrevimento (ou a inconsciência, em dependendo do ângulo) dará os seus frutos. No entretanto, arrepiar caminho só para que a rejeição nos pouse leve e nos faça até rir porque já sabíamos, triunfantes com a nossa própria previsibilidade. Não há hipótese porque eu determinei que assim fosse, estava apenas a pôr o destino (agora chamo-o assim) à prova, a queimar os dedos. Sorrimos, encolhemos os ombros, contamos para dentro os mortos e feridos e o tempo retoma enfim a sua marcha (e nós, a nossa). Dos danos colaterais que a explosão que esses dedos (as pontas mais soltas da pele dos dedos, onde mal afloram os sentidos) provocaram, se calhar nunca saberemos.