"Estou fazendo um trabalho sobre o Era Uma Vez no Oeste e tô num grupo pra escrever um filme de zumbi. Porque eu sou legal. Spaghetti western, zumbis, fantasmas japoneses, Bruce Willis. Você precisa se cercar das coisas legais para se tornar legal. Ninguém ganha nada se cercando de Dogma 95, Cinema Novo, Glauber Rocha de camisa aberta chupando manga. Isso tudo é obviamente não-legal. Não é questão de opinião ou gosto, é óbvio que não é legal."
"Estou fazendo um trabalho sobre o Era Uma Vez no Oeste e tô num grupo pra escrever um filme de zumbi. Porque eu sou legal. Spaghetti western, zumbis, fantasmas japoneses, Bruce Willis. Você precisa se cercar das coisas legais para se tornar legal. Ninguém ganha nada se cercando de Dogma 95, Cinema Novo, Glauber Rocha de camisa aberta chupando manga. Isso tudo é obviamente não-legal. Não é questão de opinião ou gosto, é óbvio que não é legal."
O meu post anterior é a brincar. Quero dizer, é e não é, porque o desprezo profundo que voto a Santana Lopes é uma coisa séria e que vem de longe. É claro que interromper uma entrevista a uma pessoa para espetar com imagens da irrelevante chegada a casa de um treinador de futebol, é objectivamente ofensivo e desrespeitador, além de uma falta de educação da parte de quem convida. Aliás, o comunicado posterior da SIC, acusando a atitude de Santana Lopes de “desproporcionada”, é parvo e é uma segunda e propositada humilhação, coitado. Aparentemente, SL fez aquilo que uma pessoa com dignidade faria. Acontece que as atitudes das pessoas só são dignas e demonstram personalidade, ou seja, só significam alguma coisa, se forem acompanhadas das correlativas elevação moral e de carácter. Isto pressupõe, antes de mais, humildade. Ora, SL não se levantou e foi embora por uma questão de dignidade; levantou-se porque é um tonto convencido de que é alguém e de que tem coisas para dizer. SL sentiu-se ofendido na sua importantíssima pessoa e saiu porque se acha de muito maior interesse público do que a chegada de Mourinho e porque se viu confrontado com uma espécie de despromoção intolerável para o seu ego, que ficou magoado. SL é um falhado, um indivíduo pouco importante politicamente, que nada fez de relevante (só disparates) e que é chamado às televisões apenas quando é preciso enxaguar a roupa suja do PSD para apimentar um bocadinho o espectáculo. É um zé ninguém que não gostou de ser preterido em directo para uma figura de “sucesso” e que foi, naquele momento, intoleravelmente confrontado com a sua própria irrelevância. Os encómios blogoesféricos que se multiplicam a enaltecer a atitude digna e honrada da criatura são ridículos.
O meu post anterior é a brincar. Quero dizer, é e não é, porque o desprezo profundo que voto a Santana Lopes é uma coisa séria e que vem de longe. É claro que interromper uma entrevista a uma pessoa para espetar com imagens da irrelevante chegada a casa de um treinador de futebol, é objectivamente ofensivo e desrespeitador, além de uma falta de educação da parte de quem convida. Aliás, o comunicado posterior da SIC, acusando a atitude de Santana Lopes de “desproporcionada”, é parvo e é uma segunda e propositada humilhação, coitado. Aparentemente, SL fez aquilo que uma pessoa com dignidade faria. Acontece que as atitudes das pessoas só são dignas e demonstram personalidade, ou seja, só significam alguma coisa, se forem acompanhadas das correlativas elevação moral e de carácter. Isto pressupõe, antes de mais, humildade. Ora, SL não se levantou e foi embora por uma questão de dignidade; levantou-se porque é um tonto convencido de que é alguém e de que tem coisas para dizer. SL sentiu-se ofendido na sua importantíssima pessoa e saiu porque se acha de muito maior interesse público do que a chegada de Mourinho e porque se viu confrontado com uma espécie de despromoção intolerável para o seu ego, que ficou magoado. SL é um falhado, um indivíduo pouco importante politicamente, que nada fez de relevante (só disparates) e que é chamado às televisões apenas quando é preciso enxaguar a roupa suja do PSD para apimentar um bocadinho o espectáculo. É um zé ninguém que não gostou de ser preterido em directo para uma figura de “sucesso” e que foi, naquele momento, intoleravelmente confrontado com a sua própria irrelevância. Os encómios blogoesféricos que se multiplicam a enaltecer a atitude digna e honrada da criatura são ridículos.
que Santana Lopes tivesse sido interrompido pela chegada de Mourinho. Qualquer motivo para interromper Santana Lopes e impedi-lo de dizer/fazer (riscar o que não interessa) disparates, parece-me bem: um relance da esposa do Mourinho (família adorável aquela, hein?), um buraco na estrada de Currais de Baixo, o encerramento de um Centro de Saúde, as declarações públicas do representante da PJ, a recusa da reforma antecipada a uma professora aleijadinha, a inauguração de um fontanário, a entrega de computadores nas escolas e até mesmo uma entrevista ao Paulo Bento… Tudo - mas tudo! - me parece melhor, preferível, mais interessante e menos tempo perdido, do que gramar com Santana Lopes.
que Santana Lopes tivesse sido interrompido pela chegada de Mourinho. Qualquer motivo para interromper Santana Lopes e impedi-lo de dizer/fazer (riscar o que não interessa) disparates, parece-me bem: um relance da esposa do Mourinho (família adorável aquela, hein?), um buraco na estrada de Currais de Baixo, o encerramento de um Centro de Saúde, as declarações públicas do representante da PJ, a recusa da reforma antecipada a uma professora aleijadinha, a inauguração de um fontanário, a entrega de computadores nas escolas e até mesmo uma entrevista ao Paulo Bento… Tudo - mas tudo! - me parece melhor, preferível, mais interessante e menos tempo perdido, do que gramar com Santana Lopes.
costumo ser cautelosa. Talvez porque o Direito e a Justiça sejam tudo menos lineares, bastando, por vezes, uma premissa errada ou um pormenor fora do lugar para se pôr em causa toda a lógica de uma decisão. Por isso, evito ser taxativa quanto aos processos judiciais ditos "mediáticos": porque não estou na posse de todos os dados e porque a leviandade é meio caminho andado para que cometamos injustiças (e para que façamos figura de tontos). Quando a populaça ignota se levanta, raivosa, contra certa decisão aparentemente absurda, gosto de ser a que vem com o mas e o se calhar. Hoje, no entanto (e acho que pela primeira vez) fui assolada pela supra raiva cega: hoje, estou-me cagando para os fundamentos jurídicos e para as razões de facto e de direito que terão motivado a decisão: entregar Esmeralda àquele pai biológico não é apenas injusto; é malvado e cruel. A questão já não é apenas jurídica, é moral, e coloca em debate um aspecto que nunca foi seriamente debatido nos meandros próprios porque é mais ou menos tabu e toda a gente finge não existir: a da dimensão moral e humana das pessoas que têm nas mãos o poder de decidir sobre a vida dos outros e a necessidade urgente de a formação profissional dessas pessoas não dever atender apenas à fuçanguice tecnicista do costume. Porque a bondade educa-se, o bom-senso adquire-se e a sensibilidade apura-se: basta haver quem ensine e quem esteja disposto a aprender - nem que a tanto seja obrigado. Por princípio, a cultivação dos seres humanos eleva-os sempre qualquer coisinha (mesmo aos mais rasteiros) e diminui significativamente as hipóteses de estes fazerem mal aos outros.
costumo ser cautelosa. Talvez porque o Direito e a Justiça sejam tudo menos lineares, bastando, por vezes, uma premissa errada ou um pormenor fora do lugar para se pôr em causa toda a lógica de uma decisão. Por isso, evito ser taxativa quanto aos processos judiciais ditos "mediáticos": porque não estou na posse de todos os dados e porque a leviandade é meio caminho andado para que cometamos injustiças (e para que façamos figura de tontos). Quando a populaça ignota se levanta, raivosa, contra certa decisão aparentemente absurda, gosto de ser a que vem com o mas e o se calhar. Hoje, no entanto (e acho que pela primeira vez) fui assolada pela supra raiva cega: hoje, estou-me cagando para os fundamentos jurídicos e para as razões de facto e de direito que terão motivado a decisão: entregar Esmeralda àquele pai biológico não é apenas injusto; é malvado e cruel. A questão já não é apenas jurídica, é moral, e coloca em debate um aspecto que nunca foi seriamente debatido nos meandros próprios porque é mais ou menos tabu e toda a gente finge não existir: a da dimensão moral e humana das pessoas que têm nas mãos o poder de decidir sobre a vida dos outros e a necessidade urgente de a formação profissional dessas pessoas não dever atender apenas à fuçanguice tecnicista do costume. Porque a bondade educa-se, o bom-senso adquire-se e a sensibilidade apura-se: basta haver quem ensine e quem esteja disposto a aprender - nem que a tanto seja obrigado. Por princípio, a cultivação dos seres humanos eleva-os sempre qualquer coisinha (mesmo aos mais rasteiros) e diminui significativamente as hipóteses de estes fazerem mal aos outros.