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por Vieira do Mar, em 28.07.07
src=http://pic40.picturetrail.com/VOL367/2008331/9593749/268284924.jpg>Que pena tenho destes meninos urbanos, franzinos, euzebiozinhos, de ossos quebradiços e franjas que escondem a pálida tez, que espirram e tossem o ano inteiro e se encolhem, tremeliques, ao vislumbre longínquo de um cão. Que nunca provaram a textura granulosa da lama, a água da chuva ou a ração do gato, nem esfolaram os joelhos, caíram de skate ou engoliram pirulitos. Meninos com pais imaculados de costas intactas, que nunca rebolaram nas dunas, lhes empurraram a bicicleta, encheram o pneu, endireitaram o guiador. Meninos que não distinguem a aranha da melga, o musaranho da ratazana, a coruja do mocho, a rã do sapo, a osga da lagartixa, o pato do ganso, e que pensam que os ovos vêm de fábrica. Que esfregam muito as mãos quando as lavam e que tomam banho duas vezes por dia. Meninos a quem falta sol que os tisne, mar que lhes bata, rua que lhes assista, terra que os ampare, joelhos esfolados, bermas de passeio, e aquele bocadinho de sarro temporariamente consentido, que os deixa mais perto da felicidade.