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Controversa Maresia

um blogue de Sofia Vieira

Controversa Maresia

um blogue de Sofia Vieira

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por Vieira do Mar, em 30.08.05
a fase tartaruga


Atormentada por uma consciência fransciscana que de quando em vez me morde as canelas citadinas, cedo sempre aos desejos de bicharada em casa (exceptuando insectos). Por isso, e depois dos costumeiros vá láaaa, não, sim, ohmãeee, não etc. e tal que isto já enjoa, lá entrámos na maravilhosa fase tartaruga.E é agora, com a transição para os habitats aquáticos, que a coisa se começa a complicar (água = bedunguice húmida = cheiro pestilento).Ainda por cima, os espertalhaços dos vendedores de hoje, sob a capa da mariquice politicamente correcta, impingem toda a espécie de luxos inúteis para os animaizinhos, tipo vitaminas-para-a-tartaruga-aguentar-a-hibernação, sais-minerais-para-aniquilar-o-cloro, filtro-a-motor-para-oxigenar-a-água e saibro-fervido-para-o-fundo-do-aquário. Sim: aquário! Porque hoje já não há cá aquela coisa das ilhotas de plástico com as palmeiritas verdes no meio, como no nosso tempo. Quer dizer, haver, há, mas eles descrevem-nas como sendo uma espécie de alcatraz para as tartarugas, taditas, que nem se podem mexer, nem nadar nem nada... e não há quem as compre.Como tudo acabou? Eu conto. Depois de uma hora com três crianças histéricas numa mini-loja para animais onde, se me virasse para um lado, pisava uma cacatua e se me virasse para o outro, esborrachava um coelho-anão, lá saímos com dois aquários próprios, quatro tartarugas e uma catrefada de sais minerais e vitaminas de fazer inveja a qualquer campanha de saúde da ONU em África. A escolha dos bichos não se mostrou fácil, afinal, as tartarugas são todas muuuuuuito diferentes umas das outras (como todos sabemos) mas, após quinze minutos de cócoras e quatro decisões sofridas, a escolha do nome revelou-se estranhamente fácil. A verdade é que, enquanto existirem pokémons (já são mais de quinhentos), nomes para animais nunca serão um problema...Agora, levantam-se-me desafios vários, a saber.Já consegui convencer a minha filha de que não é preciso dar-lhes aqueles camarõezinhos mal-cheirosos à boca com uma pinça, que as gajas sabem comer sozinhas (são parvas mas não tanto). A próxima etapa é convencê-los aos três de que a snorlax, a charmander e a mais-não-sei-quantas não precisam de comer duas vezes por dia, todos os dias (afinal, o raio dos bichos passam meses hibernados e em regime de manutenção mínima, porra!). Por último, tenho de lhes fazer ver (ai! cansaço...) que aquele cheirinho bom que agora exala do quarto deles, não é das cuecas nem das meias sujas que se amontoam ao canto da cama, mas sim do interior dos lindos e grandes aquários que teimaram em comprar e que levam litradas de água que mais parecem uns auto-tanques (e que são eles que têm de os lavar, como me prometeram e juraram) embora não apeteça nada porque naquele exacto momento está a começar mais um episódio dos morangos. Pois. Está-se mesmo a ver. É que é já a seguir.

(ganda totó. major totó, é o que eu sou. major).



adenda: o aquário-reptilário (porque uns t-rexes de plástico dão sempre arranjo numa casa e assim já podemos brincar ao onde está a tartaruga-wally?)


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por Vieira do Mar, em 30.08.05
Klube infantil

E lá estava eu, à porta de uma coisa chamada Klube, em Vilamoura, sujeita ao escrutíniopouco amistoso de um porteiro bronco, como uma perigosa ré armada em boazinha para sacar a precária, e a conseguir entrar graças ao assomo de magnanimidade da criatura, obviamente situada na base da cadeia alimentar.
Era a retumbante noite rastafari - mas na variante "noite dos bisnetos do Bob Marley ", pois que, até onde a minha vista de cota alcançava, aquilo era só crianças entre os catorze e os dezoito anos.
Com um gin tónico aguado no bucho, a sentir-me uma autêntica penetra e em risco sério de tédio mortal, dediquei-me ao estudo do comportamento social e da linguagem corporal dos muito jovensde hoje em dia. Concluí uma coisa: que eles não se sabem divertir (aqueles, pelo menos, não sabiam). Não sei se é do medo da Sida, se da erosão da heterossexualidade como comportamento dominante, se da ditadura do politicamente correcto, mas já não se engata como antigamente - o que não deixa de ser estranho atendendo a que, tanto elas como eles, são muito mais giros do que nós éramos (mais altos, mais magros, com menos acne e, decididamente, mais bem vestidos).
Verdade se diga que, em contraste com a beleza saudável e ginasticada que quase todos exibem, nota-se-lhes uma falta de vivacidade e de sensualidade que até assusta. Ele é rapazitos aos molhinhos de três e quatro, de ar mole e envergonhado, copo na mão, sem se darem ao trabalho de olhar com atenção as miúdas à sua volta e muito menos de, por exemplo, discutirem entre si a cubicagem das maminhas e dos rabos (o que não me parece nada normal); e ele é elas noutros molhinhos, diferentes e isolados, concentradas no reggae debitado por um trio que mais parecia de arrumadores subnutridos, a chuparem coca-cola e ignorando-os olimpicamente enquanto discutem o último colar comprado na feira. Estranho. Ah! E quase ninguém dança, vê-se que têm vergonha.Em resumo, falta galanço a esta miudagem, falta galanço, medem-se pouco, muito pouco e eu não entendo onde se esconde tanta hormona que, supostamente, deveria andar por ali aos pulos que nem pulgas em pelo de cão de água.
Então lembro-me de que tenho uma filha a caminho dos treze, e, subitamente, a aparente falta de líbido desta nova geração já não me parece assim tão má, que deus a mantenha e guarde, a estes santinhos.
Cerca da duas da manhã chega nova revoada de infantes, até parece que tocou para o recreio, e eu a rir desbragadamente com aquilo tudo, a ser observada e dissecada pelas miúdas à minha volta, como uma alien caída em Roswell.
Às tantas, a música muda para r&b, o meu marido agarra-me pela cintura e começamos a dançar a par. Bom. Sabem aquela cena do Madagáscar em que os animais são apanhados pela polícia na Central Station? Pois. Pouco faltou para que ligassem holofotes a apontar para nós, as sirenes começassem a tocar, os seguranças e o corpo de intervenção da PSP acorressem ao local, e se formasse um círculo de miúdos aterrorizados à nossa volta, de dedos apontados para as nossas pessoas aos gritos de ESTÃO AQUI! PAIS! PAIS! PAIS!
Felizmente, conseguimos fugir sem ser apanhados e fomos ao pão quente. Ufa. Quem disse que a generation gap não é uma coisa boa e desejável? Tá bem tá.

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por Vieira do Mar, em 25.08.05
regresso

take um

- Então, Joãozinho, portaste-te bem em casa dos avós?

- Às vezes sim, outras vezes não. Hoje, por exemplo, à hora do almoço, o avô ralhou porque eu tirei um bocado de atum da travessa e ainda não estávamos todos sentados à mesa.

- Pois, devias ter esperado.

- Mas é que eu estava a morrer de fome...

(pausa)

- Bem... a morrer a morrer de fome não estava, é só uma expressão de dizer, percebes?


take dois

- Olha, ontem na praia escorreguei numa rocha e fiquei a deitar sangue do joelho.

- Coitadinho! E estás melhor?

- Já estou bom, não tenho nada... as plaquetas trataram do assunto.

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por Vieira do Mar, em 15.08.05
E as aulas?

Onde estão? Quando começam as AULAS??? Só daqui a um MÊS??? (glup)


Eu juro

que nunca mais digo mal da professora de História

que nunca mais me queixo do preço dos cacifos

que nunca mais me esqueço de pagar o judo

que nunca mais reclamo das festinhas de fim de ano

que nunca mais me esqueço das reuniões de pais

que nunca mais me irrito com o porteiro (nem com o senhor da carrinha, aquele santo)

que nunca mais chateio a directora

que nunca mais digo que a comida do refeitório sabe a ração...

...mas que comecem as AULAS!!!!

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por Vieira do Mar, em 04.08.05
persuasão

(ou sou completamente comida e gosto)


- Mãe, compra-me um gelado.

- Não compro, porque tu depois não gostas ou fartas-te, como de costume, e depois deitas fora e estragas.

- Vá lá...

- Já disse que não.

- Pensava que eras uma mãe muito querida mas, afinal...

- Que sabores é que queres?

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