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Controversa Maresia

um blogue de Sofia Vieira

Controversa Maresia

um blogue de Sofia Vieira

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por Vieira do Mar, em 22.05.05
Ser mãe é

CONHECER de cor as farmácias de serviço, hoje é a Macedo, ali prós lados de Benfica,
IMPINGIR molhos de fotos às visitas, vejam como ele aqui está tão querido, mesmo sabendo que, a elas, não lhes está nada a apetecer (e eu, nas tintas),
TER a absoluta certeza de que o espasmo involuntário que o fez revirar os cantos da boca para cima quando ainda não tinha um mês, era um sorriso só para mim, a mostrar que me adora,
INVEJAR em silêncio a liberdade das amigas que não têm filhos e querer voltar a ser como elas, mas sentir um assomo de regozijo quando elas mo invejam, porque, afinal, ele é lindo, e nunca houve nenhum bebécomo ele,
RECONHECER o seu choro, como uma sirene no coração, por entre os berros de mais dez recém-nascidos, quando ainda mal fomos apresentados,
CONSTATAR que a porcaria daquele café - que não posso ir tomar depois de jantar - era a coisa que mais me apetecia na vida,
ACHAR que ninguém sabe pegar nele ao colo e que as probabilidade de o deixarem cair são de 20 em 20, cuidado, olha a cabecinha, agarra-lhe bem o pescocinho, não lhe esborraches a mãozinha,
TER um álbum, actualizado dia a dia, para o primeiro filho, mês a mês, para o segundo, e não ter álbum nenhum para o terceiro, que vive de imagens emprestadas, sobras de paciência e mimo desmedido, ó mãe, posso, posso, posso? podes, podes, PODES!
SUBSTITUIR o jornal diário e contos de Nabokov pelos ensinamentos do Dr. Brazelton, capítulo XI, a retenção das feses,
ACHAR a estética da cadeirinha de passeio, gostas mais das borboletas verdes ou azuis, muito mais importante que a estética de Hegel,
ESQUECER que, num cinema perto de nós, também se exibem filmes sem animais que falam;
SER rodeada por um gang armado, às duas da manhã, à porta da loja da BP, e entrar mesmo assim, porque já não há leite em casa,
CHORAR baba e ranho ao ler uma porcaria de um papel que diz O Diogo Já Sabe Ler ou A Direcção Certifica Que A Beatriz Concluiu O 1º Ciclo Do Ensino Básico Com Distinção,
FAZER amizade com uma cigana, às três da manhã, nas urgências de pediatria, e ficar a saber que as ranhocas do Fábio Maurício também estão verdes,
OUVIR o seu primeiro gpatrnmnqprrr e jurar a pés juntos que o que ele disse foi MAMÃ,
IR jantar fora e ter o telemóvel na mesa, ao lado do garfo, com um toque da Romana e o volume no máximo, não vá acontecer alguma coisa, naquela meia hora que demoramos a deglutir uma refeição completa ,
SORRIR para as outras mães na rua e elas sorrirem de volta, como troca o santo e senha de uma irmandade secreta,
ACORDAR em sobressalto com o miúdo da vizinha a chorar, quatro andares abaixo, a pensar que é o nosso,
os pesadelos, DEIXAREM de ser o eu cair e nunca mais chegar ao fundo, para passarem a ser o ele a cair e eu a não o conseguir apanhar,
GOSTAR ainda mais do meu amor, porque, além de meu amor ele é, também, o pai dos meus filhos,
DESESPERAR, quando ele nos pergunta coisas como onde acaba o universo?, porque é que a gente não vê no escuro? e porque é que não caímos quando a terra dá a volta?, e o número "dez", é muito ou pouco?,
ACHAR que o homem mais sexy do mundo não é, nem o Brad Pitt, mas sim o vizinho do lado, aquele que leva a filha bebé ao colo e lhe diz coisas como quem éa lindinha do papá, quem é, cucuuu, titi, dádá, e nós, eh pá, ele é tão amoroso com a miúda, caraças, que querido, que tesão!,
ENRIQUECER o léxico com palavras novas, que nem por isso representam realidades especialmente agradáveis, como bolsar, mecónio, mamilo gretado, mama encaroçada, convulsões e hérnia umbilical,
CONSTATAR que os seus cabelos, pele e olhos muito escuros, até têm algumas parecenças com as minhas sardas, cabelos louros e cor desmaiada, é a sobrancelha, estão a ver, sai a mim, vai buscá-la ao avô materno, já é coisa de família, e a ponta do dedo mindinho também é parecida com a minha,
TER vontade de chorar quando ele tropeça na festa da ginástica, e de saltar para o meio do palco, abraçá-lo e resgatá-lo para longe das vacas das professoras, que hão de ter sido as culpadas, dê lápor onde der;
FAZER tudo para o empandeirar por uma horas e, uma vez deitada na banheira cheia de espuma, odiar o ricochete do silêncio nos quatros cantos da casa,
IR para longe, mas nunca mais ir completamente, e passar a ficar um bocadinho para trás, presa pelo coração. Para sempre.

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por Vieira do Mar, em 21.05.05
então não é que ele,

o distraído, o que sai de casa com uma meia de cada cor, o que veste as calças do irmão três números abaixo e chega à escola com as bainhas acima do tornozelo e a braguilha aberta, o que faz anos e, após lhe cantarem os parabéns (muitos
anos de vidaaaaaaaa), já as palmas quase acabaram, esquece-se de apagar as velas (então, Diogo???? Apaga as velas!!! Ah...sim...já nem me lembrava...), sim, esse mesmo, chega ao pé de mim de manhã e diz:

- Mãe, já viste como tou vestido, todo a combinar? Os calções dão com a t-shirt e com a camisola de cima!

- Já vi, estás muito bem, todo em tons de beije.

- E também lavei os dentes, olha, vê, estão branquinhos. E pus perfume!

- Hummmm, cheiras muito bem!

- E penteei-me!

- Mas a que se deve tanta produção? Cá p´ra mim, anda namorada na costa...

- Por acaso, é verdade, anda mesmo. Achas que estou bonito?

- Estás lindo.


(ah!...é por causa destes pormenores pequeninos, que acontecem de fugida num nanosegundo, que ainda dou por mim a acreditar naquela coisa da maravilhosa inocência das crianças, etecetera e tal. Às vezes, parece que é mesmo verdade.)

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por Vieira do Mar, em 20.05.05
<os amigos merdosos
(ou os amigos shity shity bang bang)

E quando os nossos filhos escolhem melhores amigos que não prestam, hein? O que fazer? Big, big fucking problem, é o que vos digo (além de poder dar direito a trauma com direito a divã).
No ano passado, quando o maior amigodo meu filho do meio fez oito anos, deu uma festa num recinto perto do colégio e convidou vinte colegas de turma. Nove ficaram de fora, e um deles foi o meu filho.
No fim das aulas, a professora (um modelo de sensibilidade e tacto) ordenou que os meninos que iam à festa de perfilassem à direita e os que não iam, à esquerda. O meu filho seguiu obedientemente para a esquerda, juntamente com os restantes não-convidados, enquanto os outros lá saiam mais cedo, com direito a balões, insufláveis, salgadinhos, batatas fritas e pinturas na cara por uma tarde.
Eu soube-o porque, em amena cavaqueira com uma mãe em frente a uma bica no café da esquina, ela me falou na festa onde ambos os nossos filhos estariam naquele momento. Qual festa?Disse-mo, enquanto se me contraía o coração como se o king kong mo apertasse e o exibisse em triunfo no topo do empire state building. Mas o Diogo não foi convidado, eu vou buscá-lo agora... (e a outra boquiaberta, incrédula).
Pago a bica, saio a correr, mando chamá-lo e olho-o ansiosa, auscultando-lhe o semblante. Ele brinda-me com o sorriso de sempre. Tudo bem? Tudo, mãe. Espero, embora saiba que nada me diz nem dirá(ou não conheça eu o silêncio de fundo deste meu filho). Às tantas não aguento, ai merdinha que explodo já aqui!e pergunto-lhe da festa. Explica-me com naturalidade que não, não foi convidado, mas não se importa, continua a ser amigo do amigo. Remeto-me a um silêncio culpado. Nos dias seguintes, fala dele como sempre: o dilecto e predilecto, o mais atrevido, o que o faz rir, o companheiro das partidas.
E eu a pensar, deixo estar ou não deixo, digo-lhe que o amigo não o merece e que quem é nosso amigo não faz o que ele fez, magoo-o e obrigo-o a crescer um bocadinho, aqui e jáou deixo andar? Os dias passam e eu acabo por lhe perguntar (a consciência na retranca) se alguma vez perguntou ao amigo a razão do não convite. Responde-me que por acaso até sime que o amigo não o convidara porque, no ano anterior, ele fora aos anos dele e não lhe levara prenda. Não lhe levara prenda. Não...lhe...le...va...ra...pren...da.
Stop.Pause.Rewind.
O amigo.
Eu e o pai (entre nós) chamamos-lhe o Godzilla - miúdo mal-criado, rude, grosseiro e conflituoso - o típico bully. De todas as vezes que deparei com ele no seu ambiente natural(o recreio), a criatura entretinha-se a arrear num dos colegas (daí o nome de baptismo). Compreende-se assim que, sendo o mais temido, seja também o mais seguido pelos outros e que tal se possa confundir com popularidade.
Aquilo é um mix de genes e educação, e basta atentar na mãezinha para toparmos o filme todo: uma quarentona nova-rica que até os pelos púbicos deve oxigenar, com dedinhos suínos forrados a cachuchos e semblante forrado a excesso de base e antipatia. Tão certo como eu estar aqui a escrever, deve ter sido ela quem aconselhou o filho a descartar o meu (e os outros oito desgraçados) da gala do princípe, depois de feitas as devidas contas de cabeça.
E então, que fazer? Explicar-lhe que quem condiciona uma amizade à entrega de uma prenda não vale uma carta de pokémon rasgada? Que a godzilla-mãe é má e que o filho não é melhor? Suspeito que de nada lhe serviria a verdade e que ele continuaria a dizer que não se importa, que gosta do amigo à mesma e que ele agora está melhor e já não bate tanto nos outros e que jurou que para o ano o convidaria... Dou por encerrado o assunto, receando que a emenda se revele bem pior do que a merda do soneto.
Agora tenho um big, big problem: aproximam-se os anos do meu filho. Da lista provisória, que é ao gosto do freguês (convidas quem quiseres, professoras, contínuos, senhoras do cacifo e da cafetaria...), constam todos menos o Godzilla. Então e o teu amigo? Ora mãe, não o pus na lista porque sei que não queres que ele venha (não: dá-me uma facada, vá! é que mais vale apunhalares-me jáaqui, qualquer coisa deve custar menos do que isto, foda-se, que puta de mãe eu sou...).
Com um anzol retorcido, repesco a minha voz do fundo do estômago, mas eu nunca disse que não o podias convidar. Não gosto muito dele depois do que aconteceu, é verdade, porque a amizade não se mede pelos presentes que damos uns aos outros, mas se tu achas que é de facto o teu melhor amigo, então ele deve vir à tua festa. Quando fazemos anos, devemos ter connosco as pessoas de quem mais gostamos. Uma expressão de alívio ilumina-lhe as bochechas, inchadas pelo sorriso, está bem, mãe, então quero.
Mais um stop.
Outro pause.
E novo rewind.
O motherfucker do presente.
Os meus três filhos, por junto, vão as dezenas de festas de aniversário ao longo de um ano lectivo. Até o de cinco anos tem uma vida social melhor e mais intensa do que a minha (bem, até uma carmelita descalça tem mais vida social do que eu, não será por aí que... adiante).
Ora, tendo-lhes cabido em sorte uma mãe que é a cabra mais distraída ao cimo da terra, uma duh!que conta com eles para a lembrarem do dia e hora do dentista, do pagamento das mensalidades, dos anos das vacinas, dos dias de passeio, das datas das inscrições e das gotas de fluór, é possível que, entre ir buscar aqui e levar ali, natações, futebóis, ballets e o caralhinho que ma foda, me tenha esquecido da merda do presente para a centésima nonagésima festinha em horário pós-laboral. O mais provável é que não tido tempo, sequer, para o comprar. Agora, de uma coisa sei: chegada a uma festa de aniversário de mãos a abanar, ter-me-ei desculpado à exaustão pela falta do estuporado do baybladeou o camandro, e sorrido muito, muito (que sou asneirenta, mas não mal-educada).
Anyway, a vaca oxigenada terá levado a questão a peito e eu imagino o que é que os outros oito tristes que ficaram de fora terão falhado nas festas anteriores. Várias hipóteses se perfilam: terem acertado a tabuada toda do dois, enquanto o godzillazinho metia água; terem bebido uns desmesurados três (três! Olhó gasto!) copos de sumo num qualquer aniversário anterior, terem oferecido um boneco da loja dos trezentos (com o preço colado a dizer 1,99 euros) ou não terem cantado o parabéns a você com suficiente convicção. Por exemplo.
Conclusão.
Daqui a umas semanas vou ter a viúva porcina em minha casa, mais a sua diabólica descendência. A sequela da Semente do Diabo, em directo e ao vivo do quintal aqui da vossa amiga. O melhor écomeçar já a treinar o esgar-pseudo-sorriso de anfitriã com que os receberei, aos dois, no meu humilde lar e aviar uns comprimiditos para os nervos, que com o jeito que eu tenho para fingir sentimentos, a mulher ainda sai de lácom uma garrafa de champommy pelos cornos abaixo, uma velinha em cada tímpano e um croquete miniatura em cada narina.
Ai. Ai que eu.

joãozinho ao jantar

por Vieira do Mar, em 19.05.05
(ou talvez andemos a ver National Geographic a mais, não?)


- Mãe, este bife que estamos a comer é de quê?

- É de vaca.

- Coitadinha da vaca.

- Pois é. Coitadinha.

- Olha, é a vida...(suspiro). Afinal, nós também somos comidos por leões e tigres e isso.

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por Vieira do Mar, em 17.05.05
a tarde perfeita

é no circo? No jardim? No cinema? No McDonalds? Nada disso. A tarde perfeita, perfeitinha mesmo, assim como uma equação que noves fora nada, é um lanche no Frutalmeidas, ali à Av. de Roma.Os quatro apertadinhos numa daquelas mesas pequeninas e coladas umas às outras ao longo de um corredor fininho de chão de calçada, e à nossa frente um prato cheio de pastéis de massa tenra quentinhos, ui que isto queima as mãos! ai que me arde a língua! , rapidamente substituídos por outros ainda mais quentes, acompanhados por copos de sumos naturais, acabei o de maçã, agora quero provar o de manga, eu para mim quero de pêra, ai mãe que já bebi o meu todo, posso pedir de morango? E, depois de as barrigas terem crescido ao ponto de aquele corredor nos parecer ainda mais estreitinho, a mesa ainda mais pequenina e as cadeiras, dignas do refeitório de uma creche; depois de acharmos que nunca mais na vida vamos poder ver pastéis de massa tenra e fruta líquida à frente, fazemo-nos a uma fatiazona de tarte de maçã estrategicamente colocada no meio da mesa, despedaçada a preceito por quatros garfos gulosos que batem com os dentes uns nos outros só pelo gozo do clink clank. Chegamos a casa de barriga cheia e lá pela hora do jantar, eles sem poderem tomar banho e eu, enjoada que nem um peru bêbado e mortificada pela culpa, incapaz de entrar na cozinha, obrigando assim o pobre pater familias (que no interim regressa ao lar, esfomeado que nem um urso pós-hibernado) a um jantarinho frugal de leite com chocapics, pãozinho com manteiga e fruta. Com alguma sorte, terá ainda direito a um pastel de massa tenra, frio e amachucado, transportado com carinho no bolso de alguém que teve mais olhos que barriga.

Mas que a tarde foi perfeita, lá isso...

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por Vieira do Mar, em 16.05.05
sinais dos tempos


A meio de uma sessão non stop de Disney Channel, surge a dúvida e, logo a seguir, a inevitável pergunta:

- Mãe, porque é que o Mickey e a Minnie não vivem juntos?...

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por Vieira do Mar, em 13.05.05
blhaaaaarg!


Antes de ter filhos em idade escolar, tinha a ideia de que os piolhos eram uma bicheza nojenta, aniquilável pela via da desfumigação, que se limitava a atacar os miúdos pobres das barracas.Se é certo que continuo a achá-los nojentos (são, aliás, os seres vivos mais repugnantes, logo a seguir à carraça), a verdade é que, hoje em dia, eu e eles somos tu cá, tu lá, assim género bom dia senhor piolho então, como vai a família? a esposa está melhor das cruzes?, e ele, ora bons olhos a vejam senhora dona vieira, então e como vai a dieta? já perdeu aqueles quilinhos que tinha a mais?. É que todos os anos, por altura da Primavera, com o tempo a aquecer e a vida a despontar por todo o lado (designadamente, na cabeça dos meus filhos), não tenho mãos a medir.À primeira circular vinda da direcção do colégio a alertar para os perigos da pediculose que ataca todos os estratos sociais, é ver-me sprintar até à farmácia mais próxima e esgotar o stock de pára-pios, quitosos e afins. Ele é loção, cremes e champôs, preventivos e de tratamento, ai Deus que me acuda e me proteja as cabeças dos meus ricos meninos...Quem já lidou com este problema sabe bem que, não obstante os bichos em si ficarem mais ou menos KO com os químicos, há algo ainda mais horripilantemente aqueroso e imune a qualquer veneno que se lhe despeje em cima: as lêndeas. As lêndeas são a versão microscópica do alien o oitavo passageiro e correspondem aos ovinhos que os piolhinhos kidos vão deixando agarradinhos aos fios de cabelo por onde passam. Para tamanha praga, apenas uma solução: fazermos como oschimpazés e restantes primatas, sentarmo-nos com a cria à nossa frente e, pacientemente, catá-la um a um (mas não os comermos a seguir, claro). A operação implica uma preparação psicológica prévia e uma auto-indução de paciência, principalmente quando, como é o meu caso, se tem filhos que exigem estar à moda - que é a moda surfista-guedelhudo-morangos-com-açucar-o´neill-roxy-life-bué-fixe. Depois de catadinhos todos os ovinhos com um pente especial de dentes muito fininhos e de ir tudo sanita abaixo, depois de enfaixarmos o pulso e o polegar doridos e emborcarmos um anti-inflamatório, as cabecinhas levam um banho com álcool a 90º graus e água destilada, tudo misturado com umas palhetas de...acho que é boreto de sódio e já está. Caso tenhamos a sorte de os nossos filhinhos não roçarem as cabeças em mais nenhum miúdo até ao fim do Verão (yeah...right!), só na Primavera seguinte voltaremos a estremecer de nojo e repugnância e recordaremos a simpática tendinite até então adormecida.(que bichinhos filhinhos da putinha. foda-sezinho. e agora vou ali coçar a cabeça que fiquei com comichões...ai!)

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por Vieira do Mar, em 09.05.05
mãe e pai à noite,

depois de mais uma festa de aniversário (neste caso, a do filho do meio) na qual pontificaram (como agora soe dizer-se) rapazes vários, rapazes muitos!, com idades compreendidas entre os cinco e os doze anos, de espírito destrutivo q.b., caneladas demolidoras, ténis mal-cheirosos, alguma tendência para pontapés certeiros em bens materiais valiosos e insubstituíveis, bem como para resvalos junto a esquinas de mesas, o atafulho descarado de grosas de rissóis nos bolsos dos calções e para o entornanço de coca-colas e fantas no perímetro situado entre o sofá e a televisão (inclusive); rapazes, esses, dotados de um registo sonoro semelhante ao dos gemidos de um alce no cio, largados à solta num espaço vedado e ao ar livre, por cerca de sete longas sete infindáveis horas:

- Correu tudo bem, não achas?

- Sim. Ninguém se aleijou.

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por Vieira do Mar, em 04.05.05
entre pai e mãe:

- Sabes, hoje ouvi uma conversa entre eles que até me comoveu. Tive a certeza de que gostam de mim.

- Ora, que tolice, é claro que gostam de ti, és pai deles! Mas diz lá, que conversa foi essa, assim tão reveladora?

- Ia a passar no corredor e ouvi-os no quarto a discutirem. O Diogo acusava o Joãozinho de estar a mentir e a certa altura diz-lhe então jura! jura pela saúde do pai! E o Joãozinho pôs um ar solene e respondeu: eu juro pela saúde do pai. E continuaram a brincar.

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por Vieira do Mar, em 02.05.05
Dia da Mãe


Essencialmente, mais um pin de plasticina para o blusão de ganga, um par de brincos com formato de cocó de cão que terei de usar até as orelhas infectarem, três ou quatro cartões e recortes para atafulhar numa carteira que já não fecha, uma caixinha para as jóias que não tenho e não uso (ai, espera, que agora tenho uns brincos-poia...) e que fica a destoar que é uma maravilha sobre a cómoda Luís XIV, uma dúzia de recortes de corações com adoro-te mãe colados a fita-cola (quando não a UHU) nos vidros da porta da sala, no frigorífico e na cabeceira da minha cama.

E assim, aos poucos, como quem não quer a coisa, vou desistindo em definitivo do meu sonho Elle/Casa-Claúdia.

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