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por Vieira do Mar, em 04.03.05
no princípio era o verbo,
ou melhor, eram os tazos, uns míseros círculos de cartolina com pokémons vários, um por cada bolycao. De um dia para o outro, as crianças portuguesas ganharam do dia; desejo que desaparecia como que por magia após a abertura do pacote e o resgate do ansiado tazo. Durante um tempo pairou no ar o mistério: ninguém sabia explicar o porquê de tantos pães abandonados e intactos, nos caixotes do lixo das pastelarias.Com os tazos faziam-se montes, o adversário atirava um dos seus (o mais poderoso, claro!) ao monte do outro e arrebanhava todos os que ficassem virados para cima. Os montes iam ficando serras da estrela, depois everestes e era sempre a abrir e a subir, na mão dos melhores artistas. E assim se fizeram grandes fortunas.
Depois vieram os tristemente falhados nox, a resposta tardia da Matutano aos primeiros, a reboque dos chipicaos, pringles e cheetos.* Agora, são os waps. Os malfadados waps. De vantagem só têm uma: são comprados avulso e não implicam a ingestão de nenhuma porcaria hipercalórica com derivados cancerígenos. De resto, são uns quadraditos de plástico também com pokémons (claro!), uns vergonhosos setenta cêntimos cada três, que funcionam como cromos: coleccionam-se e trocam-se os repetidos. Só que, ao invés da caderneta da praxe, guardam-se numa mala grande e pesada que custa a módica quantia de dez euros e não dá jeito levar para lado nenhum. A miudagem esgatanha-se e obceca-se, a ver quem arrecada mais em menos tempo. O objectivo acabar a colecção é secundário, pois no acumular é que está o ganho, o prestígio perante os amigos e o sucesso com as miúdas. Ter waps é MUITO IMPORTANTE, portanto, não se coloca a hipótese de NÃO comprar, não sei se me faço entender.
Resta-me aguardar a próxima ofensiva de marketing contra as minhas crianças. Vou ali sacar as armas, poli-las, oleá-las, afiná-las e pô-las a jeito, que isto nunca se sabe quando eles vão voltar a atacar. Embora, nesta luta desigual, não haja arsenal nuclear que me valha.
ou melhor, eram os tazos, uns míseros círculos de cartolina com pokémons vários, um por cada bolycao. De um dia para o outro, as crianças portuguesas ganharam do dia; desejo que desaparecia como que por magia após a abertura do pacote e o resgate do ansiado tazo. Durante um tempo pairou no ar o mistério: ninguém sabia explicar o porquê de tantos pães abandonados e intactos, nos caixotes do lixo das pastelarias.Com os tazos faziam-se montes, o adversário atirava um dos seus (o mais poderoso, claro!) ao monte do outro e arrebanhava todos os que ficassem virados para cima. Os montes iam ficando serras da estrela, depois everestes e era sempre a abrir e a subir, na mão dos melhores artistas. E assim se fizeram grandes fortunas.
Depois vieram os tristemente falhados nox, a resposta tardia da Matutano aos primeiros, a reboque dos chipicaos, pringles e cheetos.* Agora, são os waps. Os malfadados waps. De vantagem só têm uma: são comprados avulso e não implicam a ingestão de nenhuma porcaria hipercalórica com derivados cancerígenos. De resto, são uns quadraditos de plástico também com pokémons (claro!), uns vergonhosos setenta cêntimos cada três, que funcionam como cromos: coleccionam-se e trocam-se os repetidos. Só que, ao invés da caderneta da praxe, guardam-se numa mala grande e pesada que custa a módica quantia de dez euros e não dá jeito levar para lado nenhum. A miudagem esgatanha-se e obceca-se, a ver quem arrecada mais em menos tempo. O objectivo acabar a colecção é secundário, pois no acumular é que está o ganho, o prestígio perante os amigos e o sucesso com as miúdas. Ter waps é MUITO IMPORTANTE, portanto, não se coloca a hipótese de NÃO comprar, não sei se me faço entender.
Resta-me aguardar a próxima ofensiva de marketing contra as minhas crianças. Vou ali sacar as armas, poli-las, oleá-las, afiná-las e pô-las a jeito, que isto nunca se sabe quando eles vão voltar a atacar. Embora, nesta luta desigual, não haja arsenal nuclear que me valha.
* fonte bibliográfica: professor doutor filho do meio.