o caso da setoura chanfrada
O episódio da professora maluca não me deixa propriamente pasma de horror; choca-me mais que a dita, segundo afirma a dada altura por entre perdigotos raivosos, ter mais seis anos de escolaridade para além do 12º ano e, não obstante, dizer fizestes e amiguíssimos. Professores chanfrados é o que há mais, principalmente no secundário, em que é preciso ser-se muito bem estruturado psicologicamente para se aguentar com turmas de adolescentes a transbordar de hormonas desafiadoras. Tenho neste momento dois filhos no liceu, um numa escola pública, outro numa privada supostamente conceituada, e os episódios de prepotência amalucada e desgovernada de representantes da classe docente são tantos e tão variados que nós, pais, já nem nos damos ao trabalho de fazer queixa, limitando-nos a fornecer aos miúdos algumas guidelines para que se saibam defender - o que passa basicamente por fazerem ouvidos de mercador quando é preciso, desvalorizando os dislates. É claro que o comportamento grosseiro e intimidante da criatura é aberrante e deve ser punido, até porque é ela, naquele momento, a responsável por uma turma de miúdos de 12 anos que estão a penar com aquele triste espectáculo; mas, se é verdade que é nosso dever protegê-los, há aqui também uma liçãozinha de vida que podem aproveitar: é que o mundo é muito feito de gente desta laia, só que uns disfarçam melhor que outros, e há que ir treinando as jovens cabecinhas para separarem o trigo do joio e deitarem fora o que não presta, ao menos metaforicamente. De resto, a tutela fez o que devia, parece-me: perante as evidências, suspendeu a louca chanfrada, pelo que não percebo porque é que os arautos do costume insistem em culpar Sócrates e/ou a Ministra da Educação, santa paciência. Depois não querem que o homem se arme em vítima.