não quero nem saber
Não sei como vai o caso freeport, nem o casa pia, nem o apito dourado, nem que desmandos andam por aí a fazer, os principais representantes dos nossos orgãos de soberania e afins, deixei de ver telejornais nacionais. A mediocridade intelectual das nossas classes política e judiciária, compostas essencialmente por bimbos orgulhosos da sua infância de plantadores de couves, que trazem ainda incorporado o chip do temor reverencial ao senhor da terra (hoje em dia, um bimbo-mor qualquer apenas um bocadinho mais acima na cadeia alimentar), faz com que já nada do que possam dizer ou fazer me espante, tanto de um lado como do outro. Perdi completamente a paciência para declarações, contra-declarações e declarações contrárias às contra-declarações, todas vazias de significado. Na prática, cada corporação, priorado, associação, assembleia, concelho ou puro e simples grupo de malfeitores, continua a fazer aquilo que muito bem entende, sem qualquer sentido de Estado, nas tintas para as pessoas e para a justiça com jota grande. Parecem todos umas sopeiras armadas em finas, umas elizas doolittle na fase intermédia de aprendizagem, quando ainda se nota o sotaque das berças e a mão lhes foge para a anca mas, com esforço, lá evitam a gritaria. Não há pior do que estas meias tintas institucionais em que o país vive, feitas de insinuações, de dizquedisses, suspeitas, bocas, mentideros e desmentidos. E a comunicação social, de uma domesticidade confrangedora, a chafurdar nos seus próprios objectivos, imediatos e comezinhos, não ajuda; antes, contribui para o nojo e o tédio de quem a ouve e lê. Faz falta quem pegue fogo a este circo.