provedor de justiça
Quem passou pela Faculdade de Direito de Lisboa sabe que o Professor Jorge Miranda é uma criatura completamente desligada da realidade que vive num mundo muito próprio, que se enrola nos cordões dos reposteiros do anfiteatro enquanto dá aulas e que é desprovido de qualquer sentido de Justiça. Se era assim há vinte anos, imagino agora. As suas orais eram sempre uma incógnita, independentemente do que houvéssemos estudado, pois tanto podiam dar para o quinze como para o chumbo, em dependendo do lado para onde estivesse virado e do grau de maluquice e de alheamento do dia. Barra inquestionável no pintelho constitucional, era o típico professor geek de ar perdido e sonhador que as caloiras começavam por achar querido e gostavam de ajudar a guiar-se pelos corredores, mas de quem depressa ganhavam terror, após assistirem aos primeiros ataques de raiva em que se babava e cuspia todo, revelando uma inusitada crueldade perante aquilo que ele achava ser a ignorância alheia. Francamente, não vejo mal no facto de ser próximo do PS (no que me parece uma evidência: não é ele que costuma vir contestar nas televisões a não constitucionalidade de certos diplomas do governo, alegada pelos partidos da oposição?). Queriam que o PS indicasse quem, alguém próximo do PP?, please. Agora, o que não me parece nada bem é escolherem-no para um cargo que (apesar de relativamente inútil) pede algum sentido prático, bom-senso, equidistância, capacidade na gestão de conflitos, ponderação e por aí fora. E não percebo porque é que disto, que é o mais importante (a desadequação daquela desajustada pessoa, em concreto, àquele específico cargo) ninguém fala.