vicky cristina barcelona
Vicky Cristina Barcelona é um Woody Allen fraquito, a começar pelo título. De Barcelona nada tem, a não ser meia dúzia de lugares-comuns de norte-americano parolo embasbacado com a superfície da cultura europeia. Quanto à Vicky e à Cristina propriamente ditas, duas raparigas vulgaríssimas com pontos de vista igualmente vulgares que não valem um caracol, quanto mais um filme. Filme que só ganha interesse com a entrada de Javier Bardem, um portento de testosterona e magnetismo animal, e com Penélope Cruz, maravilhosa como sempre, a roubar a cena a toda a gente. Quase parece mentira que este seja o mesmo realizador do estimulante Match Point - isto para falar dos seus filmes mais recentes. E depois, para um filme que gira à volta do sexo, da fantasia sobre o sexo, e do poder que ambas as coisas podem ter para mudar algumas vidas, o que se vê do propriamente dito é pouco e mauzinho. Aliás, como há dias alguém me dizia e com razão, o sexo nos filmes de Woody Allen costuma ser mau e tardio. Mesmo em Match Point, as cenas de cama não são suficientemente explosivas para que acreditemos que se pode matar ou morrer por aquilo. O que faz toda a diferença. Vale a pena ir ver? Não aquece nem arrefece, e para mim a indiferença é o pior modo de gastar dinheiro. Aliás, a escolha de Scarlett Johansson para nova musa parece-me um clamoroso erro de casting por parte de Woody Allen (deve ser por estar velho): os homens do planeta que me perdoem mas há ali uma voluptuosidade forçada um bocado parola que se torna vulgar e por isso mesmo desinteressante (ou então sou eu que não me esqueço da maneira pavorosa como se veste para as festarolas).
