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Controversa Maresia

um blogue de Sofia Vieira

Controversa Maresia

um blogue de Sofia Vieira

cobrar por um jornal onde se escreve sem se ser pago?!

por Vieira do Mar, em 06.07.11

Gosto do Jornal i desde o primeiro dia. Não é preciso ser licenciado em design para perceber a então  inovação do grafismo, a boa ideia quanto ao tamanho das páginas que facilita a leitura enquanto se bebe a bica, as notícias curtas que muitas vezes tendem a fugir ao comum dos tablóides e os, alguns, excelentes artigos de opinião. É claro que, enquanto houve o suplemento "Nós, Portugueses", coordenado pelo Pedro Rolo Duarte, o Mestre (saravá, Pedro!), o jornal era mais interessante. Depois, ao fim de 50 números, foi substituído por um suplementozito menos giro, em termos de conteúdo - e em especial em termos gráficos -, mas que, mesmo assim, não desmerecia do jornal no seu todo e que manteve bons colunistas, que é o que interessa. É um jornal "jovem", sem a parte pejorativa geralmente associada ao que é ser "jovem". Não sei quem foi que o comprou, nem o que é que o senhor faz ou é. Parece-me, no entanto, que começar por deixar de pagar aos colunistas, a espinha dorsal de qualquer bom jornal que se preze (porque, para notícias em primeira mão temos sempre o twitter e o google) é, não só um erro estratégico, como uma enorme falta de respeito para com a dignidade criativa de quem escreve. Sempre achei que escreve de graça quem quer e quem pode - ou quem não consegue ser pago pelo que escreve (ou porque não é suficientemente bom ou porque a vida lhe é injusta). Por isso eu escrevo num blogue e, ocasionalmente, para quem me convida. Mas escrever regularmente para um jornal ou uma revista é trabalhar. A sério. Não é coisa de madraço, como muito invejosos e wannabes afirmam, mas é dar no duro, mesmo - em especial se se tem brio naquilo que se faz. Implica investigar, escolher bens as palavras, buscar inspiração mesmo quando não a há, dar tudo para ser original, encolher textos, alargar textos, submetermo-nos à ditadura dos caracteres e das imposições editoriais, entregar um artigo em modo deadline e mal ter tempo para respirar ante a pressão de saber sobre o que escrever no artigo que vem a seguir. É trabalho físico e de cabeça. E é o alimento de quem depois o lê. É por eles e elas (os que escrevem e opinam sobre o que se passa no mundo) que muita gente compra jornais. Eu, por exemplo, que não gosto do Público, compro-o só para ler o MEC, logo no dia, fresquinho, assim que sai. Uma coluna pequenina, uma pérola enfiada no meio de um jornal que nada me diz, mas eu compro-o. E, como eu, muito gente fará o mesmo em relação aos seus colunistas favoritos. Deixar de lhes pagar em nome de uma "reestruturação necessária" é um desrespeito, uma desonestidade e, principalmente, um tiro no pé: os colunistas do "i", da mesma forma que vão deixar de ser pagos, que deixem de escrever, e depois é ver quem pega no jornal e para onde vão os oito mil e quinhentos leitores diários.

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