crash
Faz hoje dois anos que quase morri. Encarcerada durante três horas num descapotável virado ao contrário, com um traumatismo craneano, um buraco na cabeça (28 pontos em forma de caracol), vértebras partidas, o baço perfurado, derrame na pleura e uma claustrofobia congénita, o que me safou foi ter ficado semi-inconsciente, senão ter-me-ia matado a esgatanhar-me dali pra fora. Esta escabrosa descrição é só para realçar que aquela coisa que dizem sobre depois de termos visto a morte passarmos a apreciar melhor as pequenas coisas da vida, sabem?, é uma grande treta. Continuo a ver as coisas pelo que elas são: más quando são más e boas quando são boas, sejam grandes ou pequenas. Isto não desdenhando o facto de ter a perfeita noção de que tenho uma sorte do caraças em estar viva e de nunca (nunca!) me esquecer de tal.