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Controversa Maresia

um blogue de Sofia Vieira

Controversa Maresia

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trajecto telheiras-galeto

por Vieira do Mar, em 26.12.11

(entro no táxi, homem de cerca de 65 anos)

 

- Boa tarde! Epá, isto hoje estou com sorte, é só mulheres bonitas!
- Obrigada.

 

 (olha, um taxista simpático!)

- Sabe que eu gosto de mulheres bonitas. Não desfazendo, mas há bocado entrou-me uma praí com 28 anos com um corpinho que me deu logo tesão, a cabrona.

(ups!...)

- Mas a querida também é boa, gosto de uma perna assim cheiínha, e vê-se logo que gosta de brincadeira (winkle).

(epá, ainda bem que trouxe a mala grande, xa tapar-me)

- Eu gosto das que gostam, daquelas que fornicam três dias sem parar. Uma mulher que faz muito sexo é mais bonita, tem mais vida, vê-se-lhe na pele, bonita, luminosa!


(ainda bem que tenho estas borbulhas na testa da figadeira)

- Mas não é só as novas. Uma vez apanhei uma caralha de setenta anos! setenta!, que me levou para casa dela, tivémos sete horas naquilo. Gritava que se fartava quando se vinha, parecia um porco a guinchar na matança.


(onde é que se abre a porta?)

- Outra vez apanhei uma que queria que lhe apertasse as mamas com força, mas mesmo com força. Ela, mais!, mais força!, e eu a dizer-lhe, oh filha olha que ainda apanhas o cancaro com esta brincadeira!

- Importa-se de me abrir a janela? está um bocado abafado aqui...

- E aquelas com pirces no grelo? A primeira vez que vi aquilo até me assustei mas depois, olhe, lambi à mesma.

(pronto, lá se vai o almoço)

- Também não gosto daquelas sem pintelhos nenhuns, aquilo é anti-natura.

(Saldanhaaaaa! Yes!)


- E esta querida (eu, portanto)? Vê-se que gosta de fazer broches. E de ficar por cima, hein?

- Desculpe, mas isso é privado, além de que sou uma mulher casada.

- Casadas? olhe, isso é o que me aparece mais: maridos advogados, médicos, empresários, que não querem saber de sexo ou são gays. E depois elas ficam doidas, doidas!


(got a point there, freak)

- Tive uma que dizia: "O meu marido não me quer ir ao cu, diz que lhe mete nojo" - estes gajos hoje em dia são todos uns maricas! - e eu,  oh filha, anda cá que resolvemos já isso...


(Galeto!)

- Pronto, chegámos querida, são 5.55 euros.
- Olhe, fique com oito pela informação valiosa.
- Não quer ficar com o meu cartão para quando for sair à noite? Posso levá-la onde quiser, a qualquer hora...
- Não, não, obrigado, geralmente ando de carro, hoje foi uma excepção.


- Mas fique à mesma, tome. É que à noite anda para aí muito tarado na estrada...

cheers!

por Vieira do Mar, em 24.12.11

génio

por Vieira do Mar, em 22.12.11

http://cavacosilvaaolharpracenas.tumblr.com/

meu, puto, chavalo, tipo, esquece

por Vieira do Mar, em 07.12.11

Estou numa esplanada a tomar café e a ouvir inadvertidamente (e algo contrariada, admito), a conversa de dois adolescentes nerds com um crespúsculo de barbicha que lhes escurece as borbulhas. A comunicação entre ambos é dolorosa, parece que vomitam enquanto falam, nunca fecham completamente a boca e cada palavra é intercalada por “pá”, “meu”, “chavalo”, “cena”, “puto”, “esquece” e “tipo”.

A confissão do nerd número um prossegue alto e bom som, e nem todo o meu pudor lhe consegue fugir. “Meu, a Sara entrou no karaoke da praia norte e eu, tás a ver, deixei de ouvir as conversas. Chavalo, deixei de ouvir tudo, só olhava para ela e a mine tremia-ma na mão, todo eu tremia, puto, suava da cabeça aos pés, tive que vir cá fora apanhar ar, sentia-me doente”.

Tento captar o som das notícias no ecrã da espalanada, mas o pobre insiste em dar-se a conhecer ao mundo, ou, pelo menos, ao segundo nerd, a mim e à velhinha que lia o correio da manhã e comia o éclair. “Quando eu e a Sara estamos juntos não sei o que se passa, deixamos de ver os outros, não existe mais ninguém, chavalo, é uma cena que vai muito além da cena física tás a ver, como o sex (aqui baixa um pouco a voz, mas não o suficiente) com a Patrícia. “Ah, a Patrícia, pois...”, diz o nerd número dois que aparenta estar desertinho de bazar para o computador.

E o primeiro continua, num estilo megafone confessional: “No outro dia estivémos na praia do V.” (e eu a pensar: Ah.... a minha praia, o cenário perfeito para o marmelanço, afinal o nerd não é assim tão parvo como parece), e continua: “... e estivémos duas horas só agarrados, a ver o mar, puto!" (retiro o que disse) .

"A ver o mar! Foda-se, eu nasci a ver o mar, aquilo não tem interesse nenhum mas nesse dia foi diferente, vi a cena doutra maneira, tás a ver? Não sei o que se passa comigo, caralho...”.

E eu, na mesa ao lado, a fingir que o telemóvel me interessava, com vontade de lhe gritar:

meu, 

puto, 

chavalo,

tipo,

esquece,

essa cena chama-se AMOR!

hey you!

por Vieira do Mar, em 07.12.11

a importância do peúgo branco no acasalamento das espécies

por Vieira do Mar, em 05.12.11

É claro que não falo das cabeleireiras, das empregadas domésticas, nem, em geral, das coitadas que têm de fazer o IC 19 todos os dias ou apanhar o cacilheiro da margem sul, essas contentam-se com pouco (shoot me now). Falo das outras, neste caso, de mim, que tenho a fortuna de não ter de ter de fazer nem uma coisa nem outra e ter nascido com o gene do bom gosto (shoot me again, not dead yet).

As mulheres (como eu) têm um scanner embutido que, em poucos segundos, analisa o gajo que acabaram de conhecer, como uma daquelas máquinas do CSI que procura balas nos mortos em projecções 3D. E não me venham com a conversa do “ai, eu primeiro olho para as mãos” e “eu é mais os olhos”;  que treta. É claro que se por azar deparamos com  umas unhacas cheias de porcaria ou um gajo que revira um olho para cada lado, nem passamos da primeira fase. Mas isso nunca acontece porque nós e eles vivemos em mundos paralelos e nunca nos cruzamos.

A questão é outra, e mete pormenores subtis. As peúgas brancas são obviamente um clássico. Nem que o gajo venha com um blusão da Marlboro ou com um fato do Ermenegildo Zegna (googlai), em olhando para o tornozelo imaculado de branco, está riscado. É como o fato de treino ao fim de semana, mesmo que o gajo vá, de facto, treinar. Não interessa. Que use calções com uma t-shirt, se tiver muito frio, um polar por cima e está a andar.

Aliás, coisas com zippers, em geral, dão muito mau aspecto. Até as calças de ganga dão mais pinta se tiverem botões de cobre do que um fecho (embora sejam danadas para desapertar nas horas de maior aflição – a nossa, digo eu).

Da meia ao sapatinho, vai um salto. Coisas com berloques ou fivelas, por exemplo. No primeiro caso, é metê-los numa máquina do tempo e enviá-los directamente para os anos oitenta, sem retorno. No segundo, dá pena que a fivela não seja de cinto;  assim podíamos enforcá-los e ficava o assunto logo arrumado.

Mocassins, sapatos de vela, sapatos clássicos tipo Tod´s (em geral, tudo o que tenha sido desenhado antes de terem nascido), botas timberland ou equivalentes, tudo bem. Ténis à preto jogador de basquete, é encestá-lo de imediato no caixote do lixo. Não podemos admitir ténis com mais de duas cores e a segunda já é uma borla.

Isto para não falar dos mata-baratas, que agora são cortados, fazendo assim uma espécie de finalização quadrada à frente, nos quais se vê perfeitamente que o pé acaba três centímetros mais atrás. Parece que andam com o pato donald nos pés. Horrível.

Gravatinhas, às vezes tem de ser, mas não há nada pior que a gravatinha fininha ton-sur-ton, tão de moda nos vendedores de produto. Aquele cetim lilás brilhante sobre a camisa igualmente lilás (cor-de-rosa também está a dar), a cheirar a casório suburbano, ali no pôr-do-sol II à saída de aveiras de cima. Era uma lata de gasolina e um fósforo.

O que nos leva à questão da xanata. Ah!, a xanata, a havaiana, ou como lhe queiram chamar. Porque, convenhamos: há poucas partes da anatomia mais feias do que um pé masculino. Que não tem direito a andar por aí a mostrar-se, a ferir a vista às incautas, pelas ruas da cidade. Homens de havaianas fora da praia, não pode ser, não pode! Devia haver uma PDH, uma polícia das havaianas, que obrigasse os homens a mudar de calçado à saída da praia, logo ali, onde acaba a areia e começa o asfalto.

O cabelinho também pode ser problemático. Evitem-se as patilhas, por favor! Poupa com gel, empinada tipo guggenheim de bilbao, ou seja, à cristiano ronaldo, não merece uma nega, mas antes uma bazucada, caso o gajo tenha o atrevimento de se aproximar de nós a menos de um metro.

E barba de três dias a uma semana só fica bem ao clive owen. Repitam comigo: só fica bem ao clive owen. Para compensar o picar e os arranhões nos preliminares (a parte dos beijos e do esfreganço cara-a-cara) só se for com o clive owen ou similar (como o russel crowe mais magro, ou assim). Para se usar barba de uma semana, é preciso ter-se cara para levar um estalo e dar de volta. E não ficar a parecer um camionista, um sem-abrigo ou um fashionista de duvidosa inclinação sexual.

Os portugueses, em geral, quando têm este tipo de barba ou são, de facto, camionistas, ou metrosexuais magrinhos que passam horas ao espelho a aparar o pintelho de um centímetro que lhes nasceu na nuca. Out, em ambos os casos. Até preferia o camionista,  se fosse para fins exclusivamente medicinais.

Aliás, e a propósito de metrosexuais: homens vaidosos em geral são de vomitar. Seguros de si é uma coisa (embora alguma insegurança até dê charme), galináceos vaidosões, outra completamente diferente. Riem-se sempre com a boca ao lado, já repararam? (esperem aí que vou ali fazer um bloody mary e já continuo: a propósito, gajo que não saiba o que é um bloody mary é pô-lo em frente ao espelho a rodar e a dizer o nome em questão três vezes, a ver se aparece o fantasma em questão e o come).

E depois usam aqueles clichés de engate  como se não soubessem que as mulheres são homo sapiens sapiens,  falam entre si (LOL) e que tiveram uma vida antes deles – geralmente, entremeada de outros como eles.

Podem usar coisas de marca, mas quanto menos se reparar qual é a marca que usam, melhor. Não há gajo mais giro que o da t shirt branca com as levis surradas. Logos pequeninos e escondidinhos, para manter a classe e para  só nós, quando nos chegarmos demasiado perto, repararmos  (por exo. na etiqueta), quando estivermos a lamber-lhes o pescoço ou a despi-los.

A profissão também é importante. Como não há CEO´s para todas, podem ser quase qualquer coisa, menos engenheiros (engenheiro parolo é um silogismo), advogados que só sabem falar do cu da petição inicial  e que não podem dar-nos atenção porque “têm um prazo que acaba amanhã”, ou aqueles  com cursos tirados nas “novas oportunidades” (one last chance to shoot me). De resto, sou muito liberal, desde que me dêem converseta e boa música.

A propósito de música, desconfiem dos que só gostam de blues e de jazz, por exemplo: toda a gente gosta de pop, só que esses gostam em segredo e, em público, desprezam-na, fingindo que nunca ouviram a M80. São pedantes e mentirosos. Ou então nasceram na altura e rondam os vinte agora, e aí já é uma questão de gosto. Há muitas que gostam de exercitar o desmame, o que não é o meu caso.

Quanto ao resto, se vos aparecer um que diz saber qual é o vosso perfume como se tivesse a tirar um coelho da cartola, esqueçam: é porque o reconheceu de alguma antiga namorada e o mais seguro é passar a noite a falar-vos dela. E convém, mais que tudo - mais que as peúgas brancas, as suiças, as xanatas - , evitar os que vêm com excesso de bagagem. São geralmente bens defeituosos. E é nessa altura que convém olhar bem fundo para os olhinhos: e não é para lhes ver a cor.

 

 

PS: Obrigada ao SAPO pelo destaque, embora não sei se deva considerá-lo um elogio. ;)

 

...

por Vieira do Mar, em 04.12.11

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