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Controversa Maresia

um blogue de Sofia Vieira

Controversa Maresia

um blogue de Sofia Vieira

a tentar

por Vieira do Mar, em 22.12.10

escurecer a letra dos comentários. Help, Jonas!

porque me deu na veneta....

por Vieira do Mar, em 20.12.10

.... este blogue vai passar a ter comentários, por tempo indeterminado. Moderados, claro.

 

adenda: assim que consiga descobrir como mudar a cor do texto de forma a que possam ser lidos.

vinícius

por Vieira do Mar, em 20.12.10

para viver um grande amor.

os chãos das mesas

por Vieira do Mar, em 17.12.10

                                                                Sofia Vieira ©

 

Estar casado uma eternidade e ser-se feliz a maior parte do tempo só resulta quando, por um raro acaso astral, duas almas gémeas se encontram, e essa é uma probabilidade que implica uma fila interminável de zeros à direita. A maior parte das vezes ao princípio ama-se, depois  aguenta-se e vai-se indo, pelos filhos, pela economia comum, pela companhia, pelo status quo, pelo carinho, até pelo ódio (sim, o ódio pode unir duas pessoas). Mas o mundo dos divorciados, com aquela sua allure de sacanagem e de liberdade, com as suas infinitas possibilidades de escolha múltipla e de descarte fácil, pode ser igualmente merdoso, se não pior. Aos quarentas, conhecer outra pessoa com um propósito definido é algo constrangedor, mesmo que se pretenda uma mera amizade (o que quase nunca acontece). Porque nada é natural na aparente novidade que é o outro. Os separados (que acham sempre que não têm tempo a perder) precisam de saber de imediato aquilo com que contam para poderem agir de acordo com as suas necessidades. Para tanto, montam um personagem com que visam, de acordo com o fim que é a satisfação dessas mesmas necessidades, agradar ao outro. A carente quer tentar perceber se há hipótese de a companhia para jantar lhe pôr um dia um anel no dedo; o desapegado quer saber se pode sair da cama no dia seguinte sem deixar número de telefone nem marca no colchão; o solitário contra vontade procura uma família alternativa que substitua a que perdeu; a recém divorciada que se sente subitamente livre quer estudar todas as oportunidades que se lhe apresentam, sem necessariamente ter que as experimentar. Vão-se conhecendo, aqui e ali e vão-se medindo, de alto a baixo, tentando ultrapassar barreiras como se numa corrida de obstáculos. Transformam-se temporariamente naquilo que acham que o outro gostaria que eles fossem. Iludem e fingem, riem e olham-se de lado. E eu, que sempre tive a teoria de que no fundo vamos sempre procurando a mesma pessoa, uma e outra vez,  ou seja: ou uma igualzinha à que foi a mais importante para nós ou o exacto oposto dela, não gosto desta duplicidade de sinais própria dos descasados, nem do esforço ensaiado da primeira impressão e, muito menos, do desespero da sedução empacotada para consumo imediato. Toda a bagagem afectiva que transportamos connosco (as memórias que nos mordiscam, os lados negros que enxotamos), empurramo-la com os pés para debaixo da mesa do restaurante cool e muito in onde, com ferocidade, nos tentamos impressionar mutuamente e brindamos ao futuro. Os chãos das mesas dos restaurantes cool e muito in onde homens e mulheres inventam alegres familiaridades, estão cheios de bagagem mútua que se amontoa como num daqueles carrinhos que serpenteiam pelos aeroportos, prontos a encherem o porão dos aviões. Depois acaba tudo de talão na mão nos perdidos e achados. Invariavelmente, mais perdidos do que achados.

cavaquinho

por Vieira do Mar, em 11.12.10

Acabou de ouvir dizer na SIC que nós, como "povo", devíamos ter "vergonha" por haver portugueses que ainda passam fome. Atendendo a que quem acabou de dizer esta barbaridade foi a abécula que por enquanto é a mais alta figura da nação e que, portanto, tem o poder e a possibilidade que o comum do zé povinho não tem para alimentar muitos terceiros e que não faz, seguramente, um corno em prol disso, quem tem vergonha dele sou eu.

Amor e Engate na Blogoesfera (repost)

por Vieira do Mar, em 10.12.10

É engraçado constatar que, na blogoesfera como na vida,  homens e mulheres continuam tendencialmente a seduzir de modos distintos.

Assim, e ao contrário dos blogues masculinos, nos femininos impera a biodiversidade, pelo que não é fácil, reduzi-los a meia dúzia de estereótipos  para efeitos de dramatização. É que, se os homens não têm vergonha em mostrar que andam à caça, já elas, fazem questão de assumir o papel de presas distraídas.

O estilo de um blogue de engate masculino assenta muito na prosa poética, um valor seguro, pois é  fácil constatar a mediocridade de um poema de dez sílabas: é aquele que dá vontade de rir. Só os muito bons ou  muito doidos se atrevem à poesia pura e dura (embora estes, por acaso, até facturem, pois as mulheres gostam de uma alma que lhes mostre as vísceras moídas,  assim tipo Ary dos Santos mas sem a parte da bicha histérica).

A linha editorial, assenta no pressuposto de duas almas gémeas sofrem do mal do desencontro neste limbo urbano que é o nosso, num registo tipo lobo-antunes-do-paleolítico-inferior (mas sem a parte dos alferes), o que se torna irresistível para a sopeira chorosa que toda e qualquer mulher guarda dentro de si.

Se o blogue for feminino, a temática tende a manter-se, mas a autora terá de mostrar que está disponível, pois a maioria dos homens não está por aí além interessada na invasão de território alheio. Ao escrever sobre uma relação acabada, a mulher junta, à disponibilidade do presente, a experiência amorosa do passado, tendo embora o cuidado de não cair na lamechiche excessiva e de não abusar das reticências (tarefa quase impossível). Quando opta por seduzir pela vertente intelectual em vez da romântico-lamechas e parte para o blogue de opinião,  sabe que não pode ser muito assertiva: os homens, fascinados embora com as suas eventuais inteligência e capacidade argumentativa,  fogem a sete pés de qualquer confronto que não seja entre almofadas e não querem uma blogger de calças.  Até acham graça, à conversa  do morra o macho pim! (atrai-os a perspectiva de domarem a fera e de lhe dobrarem os ossos), mas convém não exagerar.

Quanto ao look da página, no caso deles, quer-se sóbrio,  a resvalar para o gótico-depressivo e o neurótico-desamparado. Templates (a imagem do blogue) brancos ou pretos e sem grandes mariquices pictóricas, para que não se lhes questione a virilidade nem o bom-gosto. Mas com fotografias; aliás, blogue  masculino de engate que se preze tem que ter fotos, em especial quando é preciso enfeitar para disfarçar a falta de génio (quase sempre): não há mulher que resista ao reflexo da lua nova no olho da gaivota,  e ajuda a criar a aura de gajo-national-geographic, ou seja, de macho sensível de tele-objectiva às costas e barba de 3 dias. Impõe-se uma postura que apele à protecção, que desperte nelas o sentido do resgate, já que o instinto maternal é coisa tão inata numa mulher, que esta tanto embala nenucos como gatos e está sempre pronta para sentar outros no colo, catar-lhes piolhos e, basicamente, infernizar-lhes a existência. Uma fêmea é uma verdadeira máquina de consolar que traz incorporadas doses inesgotáveis de amarfanhanços implacáveis dentro de si, e eles sabem-no.

Nos blogues delas, mais floridos e policromáticos, os nicks ou akas  escolhidos evocam geralmente heroínas trágico-boazonas  com laivos de sedução místico-erótica,  tipo lady godiva, mata-hari ou china blue. Um truque comum é não indicar de quem são as fotos que expõem com partes do corpo a descoberto, deixando no ar a dúvida  se aquela maminha que se antevê será, ou não, da que se assina lady godiva, ou se aquele cavalo branco da foto do post de sábado, foi, ou não, efectivamente montado por ela em pêlo. Num apelo ao voyeurismo masculino, vão deixando cair, por entre poemas e opiniões fortes, bocadinhos da sua intimidade: a copa do soutiã, a altura, a cor dos olhos, o peso (sempre menos de cinquenta e cinco quilos e a maioria tem olhos verdes, parece que a blogoesfera é uma afiliada da Central Models). Gostam de mostrar que sabem cozinhar,  mas nada de grosseiro como cozido à portuguesa, só nouvelle cuisine com ingredientes difíceis tipo rúcula, cardomomo e gengibre.

Já o modus operandi.masculino pouco deve à subtileza: é  despejar umas figuras de estilo e elas a absorverem, a suspirarem durante a hora coca-cola light, Ah! Se aquilo ao menos fosse para mim... e toca de deixar um email ou um comentário (muitos blogues permitem comentários aos posts), que entende muito bem, também já passou por isso, beijinho. Entretanto, ele tratou de se assegurar, junto do namorado da prima de um conhecido de um amigo que tem blogue e vai a jantares (isto é um penico, senhores!) que ela não é nenhum camafeu com quem se envergonhe de ser visto na rua e dá-lhe trela, a par com o número do telemóvel. Um aparte: convém que a faixa etária seja equivalente, para facilitar a identificação nostálgica (lembras-te do calimero? e a abelha maia? e os festivais da canção, isso é que era...), e que ele mitigue o entusiasmo com alguma apreensão, tipo, meu deus o que estamos a fazer, onde isto irá parar?. Todas as mulheres gostam de se sentir um pedaço de mau caminho e não há  como alguém achá-las tão irresistivelmente podres de boas que até fica agoniado. Prova superada, portanto.

Depois da conversa, vêm as fotos para os mails, olha lá como é que eu sou, e aqui elas tendem a aldrabar e a enviar fotos de quando eram mais novas e mais favorecidas pela mãe-natureza, vá lá a saber-se porquê.

A tensão acumulada pode acabar num café, na cama, em casamento ou em águas de bacalhau.. Um blogue de engate, especialmente se masculino, acaba por se reduzir a um blogue engatado, preso a um esquema repetitivo que elas acabam por topar após se terem desbroncado umas com as outras (o que fazem com regularidade, diga-se). Daí ele correr sérios riscos de acabar pendurado num tronco, num daqueles rituais celtas no meio da floresta, onde mulheres nuas dão vivas à fertilidade e à sabedoria superior da deusa-mãe-natureza-gaja, ao som de Madonna.

 O modus operandi feminino é  mais subtil e paciente. Elas elogiam sem  parcimónia, pois sabem como eles se pelam por mostras de admiração desmedida; repetem-lhes que perceberam o sentido do texto (apesar de este parecer ter sido escrito em sânscrito) e fingem-se de lorpas quanto a templates e códigos, opáaa!, apaguei o blogue sem querer, alguém me ajuda? Quem me põe uma musiquinha que eu não sei como?.  Para despertarem o cavaleiro andante que existe em cada blogger homem, basta fazerem-se de tontinhas que precisam de ser salvas das garras da ignorância informática.

Muito mais haveria a dizer, não fora a ditadura dos caracteres. Apenas rematar que me parece bem, que homens e mulheres se engatem, se apaixonem, se desenganem, se embirrem, e driblem, assim, as suas intrínsecas solidões. Porque o ponto de partida para se ter um blogue, mesmo um que se limite a descrever as últimas descobertas no ramo da física nuclear  é sempre o mesmo: darmos vazão a uma loucura contida e arremetermos contra uma espécie de solidão que nos infecta, mesmo que vivamos rodeados de pessoas e tenhamos que nos fazer ouvir aos gritos.

 

(publicado na resvista "Psicologia Actual", em 2008)

André

por Vieira do Mar, em 10.12.10

Não costumo referir-me aqui aos posts que falam de mim, bem ou mal. Enfim, como sou um bocadinho sensível, até me atiro mais aos que falam mal. E depois, detesto os rodriguinhos blogoesféricos, agora lincas-me a mim e depois eu a ti, e mandamos umas larachas mútuas em como somos bons nisto. É uma dinâmica de lambecuzice que sempre me passou completamente ao lado. É claro que, em sete anos de trabalhos forçados, já me escreveram coisas bonitas, sentidas e sinceras. Mas eu, cabra mal-educada, quase nunca linquei de volta, nem um mail a agradecer. Mas não deixei de o fazer por arrogância, apenas por distracção, falta de tempo e, principalmente porque, se alguém quis dizer bem, disse e pronto, acabou, não há nada para agradecer, pressupondo que não nos fizeram nenhum favor. Mas este é um caso àparte. Falamos do André. Eu leio pouco o blogue do André, confesso (e não é porque ele não escreva muitíssimo bem).  Mas apenas pela razão de que é uma espécie de baby blog e, apesar de ele o fazer com imensa graça, tendo eu dois adolescentes e um semi cá em casa, quando leio qualquer coisinha é para me distrair da minha vidinha de cozinheira e de motorista e não para me lembrar de que eles existem e que, ainda por cima, se reproduzem como clones nas famílias alheias. Mas leio o André a toda a hora no meu Facebook, que  não seria o mesmo sem as entradas dele. Mesmo no dia mais merdoso, ler uma frase dele na timeline é sinal de sorriso certo. É claro que também ajuda ao André ter muita graça, o facto de ser casado e feliz com uma mulher fantástica e de ambos fazerem uma equipa do caralho, mas isso agora não vem ao caso. Porque o que eu queria era que lessem o que ele escreveu sobre mim e que a dada altura reza assim:

 

 " (...) ela escreve assim pela mesma razão que os cães lambem os testículos. Porque pode."

 

Ou seja, este post serve para dizer, não só que gosto muito do André, como daquilo que escreveu, pelo que é um exercício de pura vaidade.

...

por Vieira do Mar, em 09.12.10

 

Os autores do Combate de Blogues tiveram uma coisinha má e incluíram este blogue na lista dos Melhores Blogues do Ano, juntamente com verdadeiros "tubarões" da blogoesfera. Portanto, amiguinhos e amiguinhas ide lá votar no meu xuxu, uma espécie de Nemo no meio daqueles peixões todos. Bem,  atendendo à minha persona verdadeira, diria ser mais uma espécie de Dori. E, se estiverem em dúvida entre dois ou três amigos e/ou preferidos, lembrem-se: eu sou mais gira.

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