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Controversa Maresia

um blogue de Sofia Vieira

Controversa Maresia

um blogue de Sofia Vieira

no reservations

por Vieira do Mar, em 28.10.10

Estava eu a ver um dos meus programas favoritos, o "No Reservations" do Anthony Bourdain, quando me apercebi de que, a cada cinco minutos, aparecia um aviso para que os pais tivessem  cautela com o visionamento do programa por parte das crianças, não me recordo agora da exacta expressão em inglês. Fiquei intrigada, uma vez que se trata de um inofensivo programa de viagens e de culinária, em que ele anda pelo mundo fora, com a mulher e a filha (pelo que percebi), de casa em casa, de quinta em quinta e de festa local em festa local, a provar as especialidades de cada zona. Neste caso estava em Itália, a deliciar-se com umas comidas divinais, numa paisagem de sonho. Depois percebi porquê. Sendo um programa inicialmente dirigido à sociedade norte-americana (presumo), na qual as crianças pensam que os animais saem das fábricas directamente para os seus pratos, higiénica e inocuamente, o acto de esfolar um coelho ou de cortar um borrego em pedaços pode ser uma verdade maior do que aquela que eles conseguem suportar. O princípio pode ser chocante: uma das miúdas da quinta onde eles estavam, acariciava um coelho amoroso no colo enquanto todos comiam coelho guisado. E a conversa evoluiu naturalmente para o facto de só cozinharem animais que eles próprios haviam criado, e que aquele coelhinho também iria eventualmente parar à panela. A  "promiscuidade" entre animais e as pessoas que os vão comer é ali inevitável. Isto, para uma criança norte-americana (excepto, imagino, as criadas no campo), impressiona: a ideia de se comer o animal de estimação, e a consciência de que afinal a comida não aparece como que por magia enlatada e empacotada nos supermercados, coberta de  gravy para que nem se perceba o que é, mas que, quando comemos um animal, este já passou por um processo violento e ancestral (mais ou menos mecanizado) em que algo ou alguém teve de o matar, esfolar, eviscerar, etc. Às vezes, é nestas pequenas coisas como um aviso a cada cinco minutos, que nos apercebemos de que, apesar de tudo, e da tendência que existe para uma uniformização cultural a nível global que passa também pelo que se come, ainda existem algumas diferenças entre os EUA e velha Europa.

faking

por Vieira do Mar, em 20.10.10

Sempre achei que na televisão se fode mal - e não me refiro a pornografia (embora aí por vezes também). A maior parte das actrizes não sabem fingir um orgasmo e muitos actores não conseguem sequer fingir que estão tesos. Neles, pouco convictos, existe uma patética falta de pontaria, parece que acertam sempre ao lado. Quanto a elas, aflige um bocado a inépcia, porque é tão fácil fingir um orgasmo. Eu fingi  alguns orgasmos, em especial quando queria que aquilo acabasse depressa. Qualquer dona de casa insatisfeita, mal amada ou apenas cansada, finge orgasmos melhor que a sharon stone: é uma questão de sobrevivência, de prioridades momentâneas, de aliviar a pressão. Uma mulher que diga que nunca fingiu um orgasmo, mente, a não ser que seja ninfomaníaca ou tenha vinte anos (mas nenhuma o admite, claro: todas temos vidas sexuais plenas, satisfeitas e irrepreensíveis). É claro que para se ser eficaz há regras e, ao contrário do que se pensa, a gritaria estilo meg ryan não só não é muito convincente como distrai, o que pode atrasar aquilo que queremos que acabe depressa. Tem de haver uma pretensão de contenção, um aparente desejo de prolongamento seguido de uma cedência quase contrariada ao êxtase, porque este traz o fim do prazer,  pelo que só finge bem quem já teve dos verdadeiros. É usar a memória sensorial, recordar e aplicarmo-nos com alguma convicção (nem é preciso muita: eles estão noutra). Por exemplo, fingir que se abafa o grito, o suposto incontrolável grito gerado por uma torrente que não vem, que não virá nunca porque não está lá. Foi assim contigo, muitas vezes, ficas agora a sabê-lo. Um frete.

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